Minha cidade esta cada dia mais quieta. Não sei o que esta
acontecendo com ela. Nem um pio, nem um som. Minha sensação é que a cidade
perdeu a voz.
Não escuto mais nada, nem
de bom, nem de ruim, só esse silencio. Isso me incomoda muito. Prefiro uma
cidade barulhenta, para o bem e para o mal.
Não escuto mais o barulho
do desenvolvimento, obras pela cidade, tratores, escavadeiras, nada. Nem do
poder público nem do setor privado. Ninguém lança um projeto, ninguém realiza
uma obra. Ninguém emite um ruído.
Também não escuto nada nas
ruas, não tem gente festejando, nem praguejando. Bares silenciosos, nem
brindes, nem brigas. Parques sem risadas. Ruas sem buzinas. Só o vento.
Talvez seja a época,
finzinho das férias, todos viajando. Talvez seja a crise, todos em casa,
poupando. Talvez seja o clima que pra variar acumula estações e nos deixa
confusos, pensando. Talvez seja a Zika, a Dengue, a Chikungunya, todos em casa
com medo.
Mas a verdade é que isso
vem se arrastando há tempos. E um silêncio triste. Reflete o marasmo que
estamos vivendo. Ninguém se expõe, ninguém contesta, ninguém exige, ninguém reclama,
ninguém cria e o pior, ninguém propõe.
Precisamos de um grito de
despertar. Precisamos ouvir mais vozes, precisamos de mais discussão, mais
desacordos, mais brigas. Mais ideias, mais propostas, mais soluções. Mais gente
lutando. Precisamos de mais verbo, mais ação, mais barulho, mais vida. Uma
cidade muda não diz a que veio, não fala o que quer, não conta seu sonho. Uma
cidade muda não muda.