Imagino que a coisa mais difícil
quando se assume uma prefeitura seja definir as prioridades, ainda mais em
tempos bicudos como os nossos. Atender, e atender bem, somente as necessidades básicas
da população já é em si uma tarefa hercúlea. Educação, saúde, segurança e a
área social serão sempre prioridades, principalmente com o sucateamento que
esses setores vêm sofrendo ao longo dos anos. Reduzir a fila das creches,
contratar mais médicos e melhorar o atendimento nos postos de saúde, dar
educação de qualidade e valorizar o professor. Quem em sã consciência não acha
que todo prefeito devia investir pesado nessas áreas?
Porém a cidade não pode virar
refém das ditas prioridades. O prefeito não pode usá-las como álibi em seu
discurso demagógico. Não pode fazer a população escolher entre áreas de
atuação, não é justo, mesmo porque, nesse embate, a população não tem informações
para fazer a escolha. Isso é demagogia barata, uma cortina de fumaça para falta
de planejamento e ideias. Quem vai querer ficar contra a saúde? Quem quer ser
esse vilão?
A verdade é que em muitas vezes
essa escolha não é real e nem necessária. Uma grande parte dos investimentos
das prefeituras vem por um labirinto de verbas destinadas pelos ministérios e são
exclusivas para cada área. Quem não usa uma verba destinada ao transporte
urbano perde a verba como um todo, não pode remanejá-la para saneamento básico
e vice-versa. Esse dinheiro deve ser usado para um projeto específico, foi
aprovado e destinado para isso. O que o prefeito deve fazer é reduzir os castos
com a máquina e direcionar as verbas dos impostos municipais para onde lhe der
na telha e aí ele é soberano, desde que tenha aprovação do orçamento municipal
e respeite a lei de responsabilidade. Administrar com Inteligência, transparência
e integridade as verbas próprias e as que já tem destino definido, esse é o
grande trunfo.
Uma cidade com planejamento
consegue equilibrar essas metas todas, consegue aprovar projetos nas diversas
esferas, buscando atender a totalidade de suas necessidades, sejam elas prioritárias
ou não.
Alias, a prioridade da cidade
deveria ser o futuro, projetos que visam mudar a realidade e oferecer uma melhor
qualidade para seus moradores. Prioridade não é correr atrás do prejuízo, isso
é necessidade. Uma coisa não pode apagar a outra, mesmo porque, às vezes a
solução pra problemas estruturais pode ser encontrada em lugares
inesperados.
A cidade precisa de saúde, mas também precisa de cultura. A cidade
precisa de educação, mas também precisa de mobilidade. A cidade precisa de
segurança, mas também precisa de projetos geradores de renda. Uma coisa
interfere na outra e quando todos os segmentos da cidade caminham juntos a
gente vê a eficiência de seus governantes.
Você não precisa optar por uma ou outra área de atuação, isso é
demagogia. Exija do seu prefeito que ele tenha uma olhar maior, que ele veja a
cidade como um todo, que tudo seja prioridade.