Chegou setembro. Vai chegar a primavera, vai ter
feriado!
Sete de setembro é uma data muito valorizada pelos
curitibanos, isso porque, juntando com o feriado local do dia oito temos um
super feriado pra curtir. Mas estamos comemorando o que mesmo, além do fato de
ficar quatro dias á toa esse ano?
Independência do Brasil e dia da Padroeira da
Curitiba, pra quem faltou às aulas de história. Duas datas emblemáticas que
homenageiam nosso lugar no mundo, a cidade e o país, nossa naturalidade e
nossa nacionalidade. Berços da nossa cidadania.
São tempos importantes para se pensar nisso, estamos
passando por mudanças muito grandes nessas duas esferas. Nossa cidade e nosso
país estão vivendo momentos críticos.
Aqui na terra das araucárias, vejo uma crise de
identidade muito grande. Muitas vezes não reconheço mais a cidade em que
cresci, Crescemos muito. Mudou muita coisa pro bem, mudou mais coisas ainda pro
mal. Estamos vivendo num limbo de planejamento urbano. A cidade parece não
saber pra onde ir, que rumo tomar. Não sabemos o que valorizar, o que
preservar, o que mudar, o que incentivar, o que revelar, o que desenvolver.
Nenhuma novidade pra contar, A cidade esta tocando a vida em frente, meio no
automático, como uma cidade sonâmbula. Catatônicos na cidade sorriso,
dormimos acordados sem sonhar.
No Brasil a coisa é radicalmente oposta. O Brasil está
ebulindo! Temos várias crises acontecendo ao mesmo tempo. Crise moral, crise de
consciência, crise econômica, crise política.
As pessoas definitivamente se cansaram de assistir incólumes
aos descalabros desse país tão diverso. Fomos às ruas! Para o bem e para o mal.
Queremos mudanças. Acordamos para ver que o berço esplêndido não é tão
esplêndido assim.
A crise econômica ronda nossas cabeças e nosso bolso.
Mina nossa energia. As notícias e os preços tiram nosso apetite. Fantasmas da
inflação nos assombram com cada vez mais força.
No planalto central, as conturbadas reformas políticas
estão sendo votadas e debatidas parágrafo por parágrafo. Muita coisa em jogo,
todo mundo esperando um pouco de coragem dos nossos representantes.
Porém, uma curiosidade liga essas duas realidades. Foi
numa Curitiba tomada pelo o marasmo que ocorreu a grande virada que sacudiu o
Brasil. Nunca antes na história desse país Curitiba recebeu tanta atenção. Foi
aqui no Juvevê que a justiça ergueu sua clava forte como jamais imaginamos que
poderia acontecer. A Operação Lava-jato virou o país do avesso. Esse Brasil
tomado por essa doença crônica da corrupção e abuso do poder começa um
tratamento muito, mas muito agressivo e invasivo. Será uma das lutas mais
incríveis que teremos que enfrentar. Descer ao fundo do poço para renascer das
cinzas como um país melhor, onde o valor da escola, da saúde e das
coisas públicas seja realmente respeitado. Onde ninguém tire do outro para
si próprio. Onde voltemos a ter governantes de verdade. Onde a impunidade seja
só mais uma palavra do dicionário.
Um misto de sentimentos me invade como cidadã. Muita
vergonha, muita raiva, muito cansaço, muito desânimo, muita tristeza,
muita decepção. Mas quando ouço as sirenes dos camburões que invadem a linha do
expresso em direção à sede da Polícia Federal do Santa Cândida, sou tomada
também por muito orgulho, senso de justiça e uma enorme esperança. É nisso que vou
pensar no feriado, de preferência na praia, enquanto brindo com uma caipira
gelada ao futuro da minha cidade e do meu país. Viva o meu ligar no mundo!
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