Nunca fiz nada que não esperavam de mim, é a minha natureza.
Nunca
pintei o cabelo, nunca fiz tatuagem.
Nunca
fugi de casa, nunca roubei o carro dos meus pais.
Não
sou de arroubos, não sou de loucuras, não sou corajosa. Uso o freio.
Não
sou atirada, não uso calça rasgada, não mostro alça do soutien.
Não sou o centro das atenções, não chamo atenção, sumo.
Não
peço favores, não peço dinheiro, não devo.
Não
me abro frequentemente, não divido com facilidade, não mostro tudo, preservo.
Não
escancaro, não gosto de chamar atenção, não provoco.
Não
largo tudo, não sumo. Sou firme, sustento.
Gosto
do certo, do arrumado, do tempo no relógio, da pontualidade.
Gosto
de arrumar, gosto de simetria, gosto da harmonia. Ângulos retos.
Gosto
de tarefas, de prazos, de desafios, de cumpri-los.
Gosto
do controle, gosto de listas, organizo.
Gosto
da leitura, do cinema, e talvez só nesse quesito cultural permito a
transgressão maior: dançar. Sempre que posso, sem onde nem por que.
Sou
do olhar, aquela que observa, registra, por isso escrevo.
Sonho,
fantasio, faço roteiros inteiros, internos, platônicos.
Vivo
mais na minha cabeça que no mundo em minha volta.
Uso
o texto para viver o que não teria coragem de fazer.
No
papel, abro o que geralmente escondo.
No
papel, revelo. No papel, existo.
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