Em busca de uma cidade melhor e mais digna, voltada para as pessoas,
milhares de pessoas viraram guerrilheiros urbanos. E não é gente que preza a
violência, muito pelo contrário. A guerrilha é um gesto de amor, de delicadeza
e de gentileza urbana.
Cansados de esperar pelos poderes públicos, nossos guerrilheiros são
aqueles que tomam uma ou varias questões da cidade em suas mãos e vão fazendo
um trabalho de formiguinha para transformar seu pedaço de chão. Gente comum,
sem cargos, que doam seus dias, suas horas, para apoiar ideias e valores. Muitas
vezes, a maioria delas, nem são em beneficio próprio, mas é gente que pensa no
coletivo, no futuro. Gente que tenta um caminho alternativo no melhor sentido
da palavra.
Os motivos de combate são vários, Tem a turma do verde, que faz
reflorestamento, parques ou hortas comunitárias em qualquer cantinho
disponível. Tem a turma da bicicleta, que conseguiu fazer os governantes
entenderem que a magrela há muito deixou de ser diversão e passou a ser um meio
de transporte a ser levado em conta. Tem a turma da economia coletiva, enchendo
a cidade com seus bazares. Tem a tribo da arte e da cultura, transformando regiões
degradadas da cidade em lugares novos e cheios de vida. Todos vêm ganhando
espaço e importância na vida das cidades.
Na verdade o que pode parecer uma batalha é mais um processo curativo. Estão
todos fazendo as suas acupunturas urbanas, trazendo a cura através de pequenas
intervenções num paciente cheio de feridas e cicatrizes.
Posso ser uma romântica, mas essa turma me enche de esperança. Tento
fazer parte desse universo, das pessoas que pensam a cidade na escala do
humano. Por que afinal, é isso mesmo que a cidade é. Antes de ser um emaranhado
de ruas e problemas, a cidade é a casa da gente ampliada. São diversos
microcosmos que vão se juntando e podemos fazer que cada um deles seja melhor,
maios solidário, mais simples, mais eficiente, mais pleno. Garanto que o
retrato macro mudaria também.
05/12/2016
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