Acabo de deixar meu filho
de 16 anos sozinho na praia com outros três amigos. Primeira vez! Vão ficar lá
cinco dias. Na mala, poucas roupas, macarrão e uma alegria que era difícil
despistar.
A
ideia foi minha, achei que já estava mais do que na hora de um rapazote dessa
idade começar a sair da minha saia. E Caioba é ali do lado, balneário minúsculo
de praia, cheio de conhecidos, situação ideal.
Fiz
isso de monte, até mais jovem, nos tempos de calmaria que tive a sorte de viver
na minha adolescência. Pegava o saco de dormir, duas amigas e uma passagem da
Viação Graciosa e sentia a mesma alegria que vi no rosto dele.
Mudaram
os tempos, claro, mas a adolescência é igual pra todo mundo. Aquele desejo
de independência, de estar só com os amigos, fazer muita farra. Todas as
possibilidades da vida ali na sua frente.
Sou uma mãe super
tranquila, geralmente não penso no pior que pode acontecer em cada movimento
que os filhos fazem. Acho que viver assim deve ser muito difícil. Acabo fazendo
tudo meio na louca, sem pensar muito nesses medos tão comuns (e verdadeiros)
que as outras mães têm. Simplesmente vim ao mundo sem esse gen, defeito meu. Ainda
bem! Senão meus filhos teriam uma vida
muito chata e fechada. Ainda acredito que o mundo conspira para o bem.
O fato é que poder ser
dono do próprio nariz por cinco dias que sejam, na idade dele, é uma sensação
que não pode ser sufocada pelos meus medos. Minhas poucas recomendações foram:
só saírem juntos, se cuidar no mar, comer em lugares de confiança, deixar o
celular carregado e com som e arrumar a casa pra quando eu chegar pra fazer o
frete de volta no domingo.
Começar a ter essas
experiências é fundamental pra que ele cresça em todos os sentidos. Vai ter que
se virar pra comer, nem que seja miojo às cinco da manhã. Vai ter que lavar
louca se quiser ter onde colocar o miojo. Vai ter que esvaziar o lixo. Vai ter
que fazer escolhas pra fazer a grana que eu dei render até o fim. Vai ter que
arrumar a cama, ou não, escolha dele. Vai ter que esperar na fila do banheiro. Vai
ter que passar protetor, ou torrar. Vai ter que se virar pra ir pra Guaratuba
sem carro. Vai dar muita risada com a turma. Vai curtir o gostinho tão bom da
liberdade.
Só consigo pensar nas
coisas boas que essa viagem vai ser. Pena que eu vou estragar tudo quando
aparecer por lá.
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