Adoro Curitiba no verão. Adoro Curitiba vazia.
Curitiba não é uma cidade de verão,
definitivamente, É só o verão ameaçar aparecer (ele nem sempre aparece) que a
turma toda faz a mala e escapa pra endereços mais ensolarados. Bom pra quem
fica.
De repente parece que estou na minha
cidade da infância, sem trânsito, sem barulho, sem a agitação e o stress que
ultimamente tem tomado conta do nosso mundo.
Quando não está oscilando entre o calor
insuportável e a chuva torrencial, Curitiba volta a ser aquele Oasis de 24
graus, nuvens esparsas, como sempre era na minha memória de criança.
Temperatura ideal pra criançada brincar na rua sem se torrar, pra dar uma volta
na XV e tomar um milk-shake de morango na Schaffer (se a Schaffer ainda
existisse), pra andar no parque sem ficar se esbarrando na multidão, pra
trabalhar sem sofrer se você é o único da turma que tem que fazer isso enquanto
todos se esbaldam nas praias de alhures. À noite, brisa geladinha, cinema sem
fila, restaurantes sem espera, casaquinho. Tudo de bom.
Curitiba nas ferias é a cidade ideal, a
cidade possível. Quando está vazia, Curitiba volta a ser ela mesma. Tudo parece
voltar ao seu lugar, tudo parece fazer sentido. A civilidade reaparece e você
poderá ate ver as pessoas conversando e sendo educadas umas com as outras.
Impressionante como o fator mobilidade afeta a gente bem mais do que
parece. Tire o trânsito da equação da vida das pessoas e a felicidade
reaparece. Ruas tranquilas, ônibus onde você viaja sentado, paraíso. A
cidade dica até mais bonita.
Esse idílio tem os dias contados, o que me
dá cinco mil tipos de dores no coração. Infelizmente nosso tão copiado sistema
de transporte/mobilidade tem enfrentado duras penas. Questões de má gestão e mau
funcionamento vêm sobrecarregando mais o sistema do que os dois milhões de
usuários. Falta gente pensando na questão crucial do problema que é voltar
a criar novas possibilidades para ele. Nosso sistema, por ser todo em
superfície, tem em seu DNA a possibilidade de rápidas mudanças e adequações,
pode ser modificado sem grandes obras, pode receber upgrades em vários níveis. Não
é uma questão financeira, o que falta são ideias e certa dose de coragem na
turma que tem a caneta nas mãos.
Então, enquanto posso, vou aproveitando ao máximo a cidade que
voltou a me pertencer como cidadã. Curitiba no verão é a minha praia. Gosto
dela assim, mesmo sem mar. Mal posso esperar pelo Carnaval!
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