Minha cidade encolheu. Sim senhor! Não importa o quanto digam que
ela está cada vez maior, com mais gente, mais carros, fisicamente maior. Pra
mim, Curitiba está cada vez menor. E aposto que para você também.
E é justamente o crescimento das grandes cidades que está deixando
Curitiba cada vez mais pequetitica. Como? Eu explico:
Antigamente, quando Curitiba era uma
jovem cidade de menos de dois milhões de habitantes, a cidade toda era
integrada. Vivíamos todos numa agradável pequena cidade onde você circulava
tranquilamente, conhecia tudo, trombava com os amigos em todo lugar. Não tinha
um restaurante novo que abria que a gente não soubesse imediatamente. Não tinha
peça no Guaíra que
não virasse uma festa de amigos conversando animadamente no intervalo. Não
tinha loja, mercado, que você não soubesse onde era e o nome do dono. Não tinha
problema em sair de casa para cruzar a cidade, o que levava no máximo enormes
15 minutos. Nessa Curitiba, tudo era comum, tudo era dos Curitibanos.
Hoje as coisas estão bem diferentes. O crescimento desordenado
dessa nossa querida Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba trouxe
o que pra mim é a pior coisa que poderia nos acontecer. Fomos divididos em
micro cosmos, micro cidades, micro guetos.
Minha Curitiba hoje não tem mais de 5 km de raio. Tenho que viver
confinada nesse espaço porque não quero ficar confinada no meu carro. Não quero
ficar confinada no trânsito. Tudo o que faço tem que estar nessa
minha nova micro vila: a escola das crianças, o meu escritório, a casa dos
parentes, a loja preferida, os restaurantes e eventos culturais. Tudo socado
entre Cabral, Juvevê, Centro Cívico e adjacências. Poucas adjacências.
E isso está acontecendo com todo mundo. Não dá mais pra visitar
fulano por que ele mora muito longe, não conheço o restaurante por que é do
outro lado da cidade, não escolho essa escola por que é fora do meu
caminho.
Que coisa triste! A cidade toda recortada. Famílias separadas como
em zonas de guerra, amiguinhos que não brincam, vizinhos que não se conhecem
nessa mesma cidade que um dia foi tão próxima.
Não somos mais uma cidade, somos pequenos micro bairros, cada um
com suas particularidades, segregados, quase fechados. A turma do Batel não
conhece os restaurantes do Cabral, a turma da Água Verde não compra no Ahu.
Quem mora no Bigorrilho não frequenta o Cristo Rei, quem corre no São Lourenço
não passeia no Barigui. Isso sem entrar no mérito das distancias sociais que
são outro complicador que só intensifica essa
nossa separação.
Quero voltar a viver numa cidade plena. Quero meu direito de ir e
vir restaurado com dignidade. Quero que parem de dar nomes esquisitos aos
bairros só pra criar ainda mais demarcações. Não existe Jardins em Curitiba,
nós sempre tivemos o Alto da Quinze, no máximo a Itupava. Não conheço o Arte
Cívico, nada disso é importante.
Perdemos a intimidade enquanto cidadãos. O que essa cidade
precisa é voltar a se gostar, voltar a se valorizar, e isso passa pelas
pessoas. Precisamos integrar mais, separar menos. Precisamos voltar a conhecer
a cidade, voltar a passear, transgredir as fronteiras. Voltar a Curitiba, a
cidade de todos nós.
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