Sou uma eterna saudosista, dessas de carteirinha! Acho que é por
que eu tive muita sorte nessa vida. Tenho memórias pra lá de especiais dos meus
verdes anos. Tudo incrível!
Minha memória aliás, (com o desgaste natural de quem já deixou pra
trás quatro números trágicos que indicam nossas décadas) está cada vez mais
seletiva. Cada vez gosto mais do meu passado, cada dia que passa ele fica mais
bonito pra mim.
Acho que é porque estou revivendo a adolescência através dos meus
filhos. Eles estão naquele tempo mágico, descobrindo a vida e eu me pego
repensando as minhas próprias descobertas. Eles vivendo e eu sonhando. Eles
querem sair sozinhos, estar sempre com os amigos, viver só o prazer.
Eu vivi isso na plenitude que a segurança do século passado
permitia. Minha juventude foi como as músicas do Belchior, do Sá, Rodrix e
Guarabyra. De um tempo que jovem ouvia MPB. Andar na rua, cabelo ao vento,
gente jovem reunida.
Eu tinha muita liberdade, mas tinha muita responsabilidade. Pelas
minhas contas poderia ter ido à Lua somando meus quilômetros da Itapemirim. Era
tudo muito simples e a gente precisava de muito pouco para ser feliz. Uns
trocados, uma passagem, uma praia, um ingresso pro cinema, um livro, e
principalmente amigos e mais amigos, de preferência pelo menos um que soubesse
tocar violão. Um Bariloche (sobremesa que existia na extinta
confeitaria Petit Café, ao lado do cine Condor) também ajudava.
Meus filhos precisam de muito mais coisas, e isso me aperta o
peito. O mundo deles é cheio de gadgets, marcas, bolsas, tênis e exigências
mercadológicas que eu jamais sonhei ter com 15 anos. É coisa demais pra se
lidar com essa idade, difícil demais. Eles ainda não conseguiram ver que a
simplicidade das coisas que é o grande barato. A risada coletiva, amigos
dormindo em casa, aquele nascer do sol incrível depois da balada, a aventura de
descobrir uma praia secreta, os segredos sussurrados, a apresentação de ballet,
o primeiro beijo... são essas as coisas que eles vão lembrar quando chegarem na
minha idade. São coisas imateriais, coisas etéreas, coisas que nem são coisas.
Então só me resta cuidar muito bem do meu presente. Tenho
obrigação de ser tão ou mais feliz que sempre fui. Preciso que o meu presente seja
especial. Só assim as memórias dos meus filhos também serão incríveis.
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