quarta-feira, 7 de maio de 2014

Verdes anos

Sou uma eterna saudosista, dessas de carteirinha! Acho que é por que eu tive muita sorte nessa vida. Tenho memórias pra lá de especiais dos meus verdes anos. Tudo incrível!
Minha memória aliás, (com o desgaste natural de quem já deixou pra trás quatro números trágicos que indicam nossas décadas) está cada vez mais seletiva. Cada vez gosto mais do meu passado, cada dia que passa ele fica mais bonito pra mim.
Acho que é porque estou revivendo a adolescência através dos meus filhos. Eles estão naquele tempo mágico, descobrindo a vida e eu me pego repensando as minhas próprias descobertas. Eles vivendo e eu sonhando. Eles querem sair sozinhos, estar sempre com os amigos, viver só o prazer. 
Eu vivi isso na plenitude que a segurança do século passado permitia. Minha juventude foi como as músicas do Belchior, do Sá, Rodrix e Guarabyra. De um tempo que jovem ouvia MPB. Andar na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida. 
Eu tinha muita liberdade, mas tinha muita responsabilidade. Pelas minhas contas poderia ter ido à Lua somando meus quilômetros da Itapemirim. Era tudo muito simples e a gente precisava de muito pouco para ser feliz. Uns trocados, uma passagem, uma praia, um ingresso pro cinema, um livro, e principalmente amigos e mais amigos, de preferência pelo menos um que soubesse tocar violão. Um Bariloche (sobremesa que existia na extinta confeitaria Petit Café, ao lado do cine Condor) também ajudava. 
Meus filhos precisam de muito mais coisas, e isso me aperta o peito. O mundo deles é cheio de gadgets, marcas, bolsas, tênis e exigências mercadológicas que eu jamais sonhei ter com 15 anos. É coisa demais pra se lidar com essa idade, difícil demais. Eles ainda não conseguiram ver que a simplicidade das coisas que é o grande barato. A risada coletiva, amigos dormindo em casa, aquele nascer do sol incrível depois da balada, a aventura de descobrir uma praia secreta, os segredos sussurrados, a apresentação de ballet, o primeiro beijo... são essas as coisas que eles vão lembrar quando chegarem na minha idade. São coisas imateriais, coisas etéreas, coisas que nem são coisas.

Então só me resta cuidar muito bem do meu presente.  Tenho obrigação de ser tão ou mais feliz que sempre fui. Preciso que o meu presente seja especial. Só assim as memórias dos meus filhos também serão incríveis.  

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