sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ossos quebrados

Estou criando um programa de fidelidade com a clínica de fraturas. Meu filho Ben é o responsável. Praticante desse esporte radical chamado futebol, o Ben acabou quebrando a tíbia no inicio do ano, dividindo uma jogada com o goleiro. Ele entrou com a canela e o goleiro com a chuteira. Foi uma fratura grande, circular, que dava volta pelo osso todo, caprichada. Foram 10 semanas de gesso, uma tortura. O primeiro gesso ia até a virilha, tadinho, pesava, incomodava, um suplício. Deu um trabalhão, tivemos que ver muletas e montar toda uma operação que envolvia  vários bancos, vários plásticos e elásticos para um banho decente, almofadas para acomodar a perna o tempo todo, travesseiros pra dormir.... Fora a logística médica, consultas periódicas, raio x direto, e a logística em si, de levar e pegar o piá em todo lugar, o que ele já fazia sozinho. Depois as coisas foram se encaixando, nós e os ossos. O gesso foi encolhendo, a gente foi se aperfeiçoando e no final, até futebol de muletas ele tava jogando, para o meu desespero. Fisioterapia, paciência e uns centímetros de massa muscular pra recuperar, esse foi o nosso saldo, E assim foi o primeiro semestre todo. Ufa!
Segundo dia de futebol depois das férias, praticamente o retorno oficial às canchas depois do gesso,   lá vai ele de novo. Jogando no gol pra se poupar e por ainda não estar muito seguro pra enfrentar as chuteiras alheias, o Ben foi defender uma bola, acabou batendo no pulso e pronto: deslocamento de cartilagem. Lá foi ele de novo, hospital, raio x, gesso. De novo caprichado, se ele tivesse quebrado seria mais fácil de resolver. Gesso até o sovaco, mais 6 semanas de molho, toda uma logística pra montar, toda uma nova dor e tristeza pra administrar. Ninguém acredita ainda que nosso segundo semestre começou assim.
Isso tudo rendeu algumas lições. Para o Ben a primeira foi prática, de anatomia, aprendeu onde fica a tíbia é o que é cartilagem.
Brincadeiras à parte, está sendo duríssimo para ele encarar a frustração de não poder fazer algo que ele ama e ter que enfrentar a dor e a adversidade de estar incapacitado, atado, literalmente engessado. É um exercício constante de paciência que nem sempre ele dá conta. Pra gente também, ficar olhando um filho nesse processo e saber que ele tem que passar por isso e que a gente pode no máximo dar suporte, conforto e amor, é difícil. Não posso sentir a dor por ele, nem o incomodo. Tenho que ter paciência para aguentar o mau-humor, a raiva que ele só pode descarregar em casa, com quem ele sabe que vai estar lá no dia seguinte. Temos que fazer desses limões enormes, uma bela limonada, pra que seja uma lição pra vida toda, positiva, de superação, de controle, de crescimento e de cura.
Agora, que não foi gol, isso não foi! Bela defesa Ben!

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