sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A, b, c

Você escreve muito bem, é o que tem alimentado o meu ego essa semana.

Um dos meus sonhos (ah! os sonhos!!!) era ser escritora. Mas sofria com aquela célebre pergunta, escrever o quê, sobre o quê?Aquela página em branco amedrontadora te olhando....
Muita gente acha que não sabe escrever. Como tudo na vida a escrita tem seus encantos e segredos, mas depende muito de como você encara a questão. Escrever pode ser uma experiência muito gostosa. Acho que escrever bem tem bem mais a ver com ideias do que propriamente com um domínio de técnicas. Pra gente escrever bem tem que, primeiramente, ter algo a dizer e isso não necessariamente tem que ser profundo, ou impactante. Só alguma coisa que você quer dividir. 
Tomemos essas, segundo vocês, bem traçadas linhas desse blog, rs! É uma conversa. Escrevo pensando em como cada um de vocês responde a cada palavra. Sim, na minha cabeça, vocês respondem, riem, fazem careta, discordam, recordam. Eu penso na reação de vocês, senão não tem jogo, não tem papo.
Nos comentários, vejo pequenos escritores ainda tímidos (não que todo mundo vai sair escrevendo por ai, até prefiro que não, afinal a concorrência nesse mundo virtual já é bem cruel).  Mas vejo que a semente da ideia, do sentar e ler algo e pensar sobre o tema por um minuto que seja já brotou. Muita gente teve o trabalho de parar o que estavam fazendo e me escrever comentários carinhosos, contar experiências. Tiveram o impulso de escrever. 
É tudo sobre pensar, ver algo e aprofundar o pensamento no que se vê. O mundo hoje está muuuuuito acelerado e a gente vai deixando tudo passar correndo. Como é que vai ter tempo de pensar? Tem que levar as crianças, ir no mercado, entregar o trabalho, fazer as unhas, entrar no facebook, ir na farmácia, fazer esporte, cuidar da saúde, responder emails, reunião....tantas coisas mais importantes. Por isso, todo dia, eu escolho um tema, paro, respiro e penso. Quando dá certo vocês vão ver a chamadinha lá no facebook dizendo, olha eu aqui de novo!

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

As cartas não mentem

Tem aquela placa: jogo cartas. No meu caso deveria ser: guardo cartas. Pois é, mais uma "peculiaridade" a meu respeito. Aliás, sou quase uma daquelas acumuladoras compulsivas, rs! Guardo um monte de coisas, só que tudo organizadinho, em caixas e tal, mas isso e outra história, voltemos as cartas.
Vivi a minha adolescência sem internet e um dos  maiores prazeres que conheci foi ouvir a frase: carta pra você! A emoção e a espera era tanta que às vezes a gente ficava lá na rua esperando o carteiro passar.....
Cartas são mágicas. São pequenos retratos da alma que a gente manda ou recebe de alguém. Um pouquinho do cotidiano,um tantinho de saudade, às vezes uma declaração. Promessas,  tragédias, surpresas, reencontros ou despedidas. Tudo isso numa folha de papel que tem sua própria aventura até chegar na sua mão. E incrível.
Quando estive em Israel por um ano, lá no século passado, a chegada de uma carta era sagrada. Cada uma levava quase dez dias pra chegar, um sofrimento. Meu pai me escreveu todas as semanas, todas mesmo, de onde quer que ele estivesse no mundo.  São cartas lindas em papel timbrado de hotel. Minha mãe sofria mas escrevia, ela preferia falar, mas era por ela que eu sabia das histórias da família. Estão todas aqui comigo, desse lado do oceano, 26 anos depois.
Aliás, se você alguma vez me escreveu algo, pode acreditar, tá aqui. E volta e meia eu volto a me emocionar com as suas palavras quando me dá na telha de abrir todas essas caixas. Cartas, bilhetinhos, cartões de aniversário, de flores....fico perdida nesse mundo de carinho e saudade.
Por isso digo, se você tem algo importante pra dizer pra alguém, ponha no papel. Resista à facilidade de abrir seu laptop e mandar um whatsapp, email, message ou sei lá que aplicativo você usa. Escreva. Tenho certeza que a emoção da mensagem vai ganhar mais sabor. 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Isso, isto e aquilo

Ontem pedi pros meus amigos leitores (que chique!) pra que fizessem uma lista. Pedi assim sem cerimônia porque pra mim lista é tão orgânico quanto respirar. Não sei pensar sem fazer listas: a do mercado, a das coisas pra fazer, dos presentes pra comprar, os que recebo, dos livros e viagens que li e fiz, musicas pra baixar....e até essa lista das minhas listas. Não tem fim.
Só funciono assim. Tenho a lista das coisas do dia e tenho uma outra que fica estrategicamente numa folha solta que vai andando de um dia pro outro na minha agenda. Nela ficam  as milhões de coisas que tenho que fazer e não tem prazo pra serem resolvidas e bem por isso não são feitas nunca! 
Tenho mil estratégias de como montar essas listas, desenvolvi uma certa tecnologia para separar os assuntos das listas: o que é participar vai aqui, o que é do trabalho ali, os diversos lá no final. Minha lista do mercado entao, é feita pela ordem dos corredores do mercado, juro! Primeiro produtos de limpeza, passa pra higiene, mercearia, lácteos, carnes e a feira. Quem faz compras no Wall Mart do Juvevê vai reconhecer, rs!!!!
Agora a lista mais complicada é a de convidados pra festas, Acabei de passar por essa exasperante experiência e foi sofrido. Sempre, mas sempre mesmo, aquele único nome esquecido ou até retirado vai te atormentar e fazer você ter vontade de mudar de calçada quando vê a pessoa. Respire fundo e assuma aquela cara de paisagem. Em breve vou ter que passar por tudo isso de novo e já estou acordando suando de madrugada só de pensar.
Listas, esse é o meu TOC. Mas,  como é um TOCquezinho funcional nem pensei em me tratar, não coloquei isso na lista!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Alegria, alegria

Estava eu me arrastando pela ciclovia, nessa manhã gelada de agosto, muito a contragosto quando cruzei com o Jorge Ben Jor no meu ipod. Foi uma mudança total de ritmo e de humor, o simples fato de ouvir uma música que eu gosto mudou todo o meu astral e me deu energia pra continuar andando e me encheu a cabeça de ideias. Que alegria!!!
Pois é, é dessa alegria instantânea que estou me referindo. Aí fiquei pensando nessas pequenas coisas que fazem a gente acordar, dar um sorriso, mudam o andamento das coisas. Não é aquela tal da felicidade, toda pomposa, é mais um ato revolucionário, quase uma guerrilha interna, um rompante que invade o estado de espírito da gente. Uma música e pá, você é tomada por um bem estar sem explicação. 
Meu pai um dia me mostrou um livro de uma amiga que era simplesmente uma listagem de coisas que deixavam ela feliz. Um livro inteiro, cheio de coisas bacanas, algumas poéticas, algumas bem mondanas. Aí comecei a tentar fazer a minha grande lista de pequenas alegrias. Mas o meu desafio foi tentar sair do óbvio. Claro que um belo pôr do sol, um nascer de lua cheia e um arco-íris são motivos de alegrias, mas não são só meus, são universais (se você é da raça humana, tem que concordar que essas coisas são legais, por favor!). Queria tentar achar coisas muito peculiares e muito pessoais que disparam esse gatilho em mim. Não foi fácil. Ainda estou tentando reunir essas emoções num livrinho bem pequenininho que anda comigo na bolsa pro caso de eu tropicar numa dessas maravilhas.
Então o desafio de hoje é esse. Listar 10 coisas, ações, sei lá o que que te pegam de jeito (sem segundas intenções, rs). Quem se habilita????

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Do começo começado

Deixando meu filho na aula particular de português, fiquei pensando em como as letras fizeram parte da minha vida. Tive duas grandes paixões desde muito pequena: a dança e os livros. Quando não estava piruetando e sapateando por aí, estava sempre afundada em livros de todos os tamanhos e assuntos. De Shogum a Raízes, sem esquecer do Artur da Távola e Richard Bach, ícones da literatura dos adolescentes da minha época. Também sempre amei escrever. São diários imensos, bilhetes quilométricos aos amigos, cartas e textos imperfeitos espalhados pela vida afora.
A dança, infelizmente, foi minguando entre bolhas e muita tristeza. Os livros, felizmente, estão em toda a minha volta: tenho um no carro, vários na cabeceira, no Ipod, Ipad, em listas dos que quero comprar, dentro da minha cabeça e sobretudo no coração. Bailarina não fui, eis-me jornalista com registro no DRT e tudo desde o século passado.
E vendo meu filho hoje, lembrei de como fui sortuda pois em toda a minha vida escolar tive grandes professores de português que foram fundamentais para que eu achasse o meu caminho. Na Escola Israelita (meu fundamental) foi a Deucélia, ou Psorinha. Não tinha mais de 1, 40 m de altura mas via longe e foi a primeira a dizer: "você leva jeito pra coisa, vai ser jornalista". No Dom Bosco (meu ensino médio) foi o Elizomero que nos marcou muito mais pela sua doçura do que por crases e vírgulas. 
Corta pra fila do banco, ficha de inscrição do vestibular na mão, única questão em branco: curso. De repente me veio a certeza profetizada pela Psorinha e reforçada pela delicadeza do Elizomero, amo ler e escrever, x no quadrinho JORNALISMO.
Na faculdade, meu maior prazer eram as aulas de português com o Cristovão Tezza que nos ensinava que a linguagem era bem mais que um conjunto de regras gramaticais, era emoção. Era uma inspiração. Mesmo porque eu nunca soube, decorei ou segui essas regras. Sou e continuo uma semi analfabeta gramatical.
E volto ao meu filho, alias meus filhos, em seus mundos de palavras cifradas das redes sociais, jogos e gadgets que "curtem" de montão.  Fico pensando em quando eles vão ler "de verdade". Quando eles vão descobrir esse mundo de idéias e sensações que me faziam rir, chorar e me arrepiar vivendo as grandes aventuras que li.
Tenho uma profunda necessidade de ser profunda, sofro muito vendo essa vida tão superficial que nos circula hoje. Sofro com esses adultos eternamente adolescentes que não crescem nunca.
Esses dias, ouvi o Mario Vargas Llosa falando sobre a importância do ensino das humanidades (literatura, filosofia, artes) tão negligenciadas em nossa vida escolar, sobretudo no ensino médio e no superior. Lindo o que ele disse. Só sei que me deu vontade de ler cada vez mais, ter novas ideias e de voltar a escrever. Assim nasceu esse blog. Quem sabe agora eu consiga realizar o sonho daquela bailarina.