sexta-feira, 18 de julho de 2014

Aumenta que isso aí é Rock'n Roll

Dia desses assisti ao programa que comemora a entrada das bandas  escolhidas para o Hall of Fame do Rock'n Roll 2014. Sensacional! 
Funciona assim, vem uma pessoa que tem a ver com a banda indicada e faz uma apresentação dela. A banda recebe o prêmio, faz os discursos de agradecimento e dai, sonzeira, bota sonzeira nisso!! 
Como a indicação tem a ver com o conjunto da obra, não tem quase ninguém com menos de 50 anos recebendo o prêmio. Garotada só entra fazendo a homenagem ou como convidados da banda em questão. Repito: sensacional!
Primeiro por que geralmente estamos falando de bandas que eu conheço e que fizeram a trilha sonora da minha vida. Gente que está há mais de 30 anos na estrada. Bandas que são quase míticas, as que a gente colocava o pôster na parede do quarto. 
Alguns músicos já não estão mais nesse plano. E pra esses fica sempre o gosto de uma perda irreparável. Fica a homenagem. Ainda que tardia.
Mas tem a turma que ainda está na ativa e tem algumas bandas que só voltam a tocar junto nessa festa, e dai a coisa fica realmente bacana.
Roqueiro é sempre roqueiro, e é divertido ver como eles abraçam a chegada dos anos. Tem camiseta rasgada, jaquetas, coletes e calças de couro, mas também tem ternos bem cortado. Tem muito cabelo comprido, bandana, chapéus, mas tem algumas carecas e cabeças grisalhas. Tem mães orgulhosas na plateia, mas tem filhos e netos também.
Os discursos são lindos, tanto os das homenagens quanto das bandas emocionadas. Mas ver seu ídolo se apresentar é a grande diversão da noite.
Matas as saudades de 20, 30 anos. Ouvir aquele hino da sua juventude, mas sobretudo sentir a energia dessas bandas no palco é incrível. Estamos falando de bandas que mudaram o mundo da música, inventaram estilos, e elas sobem no palco e é magia pura. Baterias no auge, solos irretocáveis das guitarras, metais, teclados, baixos, vocais que retumbam. Tá tudo lá em arranjos caprichados, as vezes idênticos ao original, alguns melhorados ainda mais. Barulho, muito barulho, como todo roqueiro gosta.
Aí a gente vê como a música é uma coisa poderosa. Não importa a idade, nem a nossa, nem a deles, somos todos transportados pra um lugar sem tempo, só emoção. A música ressoa dentro da nossa memória, traz imagens, cheiros, pessoas, momentos. A música impulsiona, energiza, emociona. E por isso mesmo essa homenagem é tão legal. Reconhecer o que essas bandas representam é retribuir por todos esses sentimentos. É puro carinho.  E barulho, claro, muito barulho!

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Com brasileiro não há quem possa

Tá bom, tá bom, vamos falar sobre a copa. Tecnicamente essa é a minha 12a. Copa do Mundo de Futebol. Tirando a de 58 e a de 62, estava no planeta em quase todos os títulos do Brasil. Mas só me lembro das Copas de 82 pra cá, e olhe lá!
A copa de 82 foi a mais marcante de todas. Na minha lembrança, o país inteiro era um só, todo o mundo muito confiante na melhor seleção do mundo que era a nossa. Como não ficar? Tele Santana no comando e Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Serginho, Éder, Paulo Sérgio, Carlos, Edevaldo, Edinho, Juninho, Pedrinho, Batista, Paulo Isidoro, Dirceu, Renato e Roberto dinamite. Ouro Puro!!!! Tá bom, o Valdir Peres dava um certo medinho na gente, mas era um timaço. Com 13 anos, foi a minha primeira Copa, a primeira vez que eu chamava meus amigos pra assistir aos jogos juntos, decorar a casa, comprar camiseta, uau! Foi também o maior sofrimento, morremos um pouco naquele dia fatídico e não posso ouvir o nome do Paolo Rossi sem ter um arrepio na espinha.
Ai veio 86, outra vez o país inteiro se vestiu de verde amarelo, outro timaço, vários hinos, emoção pura no ar. Acho que essa foi a seleção mais amada do país. A esperança de vingar os craques de 82 estava no ar. Tudo de bom! Os jogos começaram é era um jogo melhor que o ouro, a seleção ia melhorando a cada jogo. Sensacional, com 17 anos, já podia comemorar na Batel, onde a cidade inteira ia festar depois de cada vitória, festa espontânea, na rua, lindo de ver! Mas veio a França, e... não posso nem falar sobre isso. Luto total!
Da copa de 90 confesso, não me lembro de nada, absolutamente nada, nem onde ia, nem quem jogava, nada, acho que o pais estava tão traumatizado que nem conseguiu se envolver com a seleção do Lazaroni (santo Google).
E veio 94! Minha primeira Copa do Mundo já casada. Tínhamos um timaço de amigos assistindo aos jogos juntos, mil mandingas e superstições, toso mundo senta no mesmo lugar com a mesma camisa. O país estava pronto pra gostar de outra seleção. E essa seleção tinha uma cara bem brasileira, com o Romário como símbolo maior desse nosso jeito gaiato. Foi uma Copa boa de ver, com muita emoção, jogos sofridos, alegria imensa nas vitórias. Final nos pênaltis, haja coração! E quem poderia sonhar que a taça viria das mãos do temeroso Taffarel que virou um gigante na defesa do pênalti. E teve a ajudinha do Baggio! Foi a copa que mais curti!
A Copa de 98 deixou um gosto amargo na boca. Depois de idas e vindas, a gente finalmente conseguiu gostar e confiar nessa seleção. Veio a final, todo mundo com o grito na garganta, tudo pronto pra festa! Não dá nem pra descrever a sensação com o que vimos naquele jogo. Até hoje é meio surreal a participação do escrete canarinho naquele campo. Foi a Copa da desconfiança. A Copa das suspeitas. Foi a Copa de cair na real e ver que alguma coisa de podre rondava o nobre reino da FIFA.
Em 2002 eu vi muitos jogos enquanto amamentava a minha segunda filha nas madrugadas geladas de Curitiba. Copa família, família Scolari. Felipão conseguiu fazer a gente torcer de novo pra essa meninada. Foi quase um fazer as pazes com o futebol. Voltar a acreditar na alegria.  É tetra! Quem mais no mundo??!!!
Por mais que sejam mais recentes, as Copas de 2006 e 2010 se misturam muito na minha memória, talvez por não ter acontecido nada marcante, nenhum grande craque, nenhum grande jogo, nenhuma grande polêmica, elas passaram meio em branco. Perdemos e pronto, lembrar-se do que?
Aí a copa veio pra casa e o que seria a glória virou um pesadelo. A Copa trouxe de bom só uma coisa, o despertar do cidadão brasileiro para o seu país real. Lindo de ver!!! Ninguém jamais iria imaginar as manifestações de Fora Copa justamente no Brasil. E sem entrar em muita polêmica e já que ela tá ai mesmo, esse despertar fez essa Copa ser especial.

A sensação que eu tenho é que a gente nunca mais a gente vai se entregar de amores por uma seleção. Nunca mais o país inteiro em verde amarelo. Já vimos muito, sofremos muito, estamos escaldados. Mas claro que se o Brasil estiver lá no Maracanã, na final, vou chorar e sofrer e torcer como nunca. É a Copa dos meus filhos, quero que seja mágico pra eles. A pátria vai estar de chuteiras, que venham os gols!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Sete da manhã na ciclovia

Gente super agasalhada, chapéus, gorros e bonés, algumas luvas. Roupa de ginástica combinando, camisetas de propaganda e de corrida, tênis de todas as cores, Calça jeans e sapato. Algumas sombrinhas, gente de bolsa! 
Bike ultimo tipo, ciclistas equipados, mochilas de marca, capacetes, espelhinho, luzinha, garrafinha, GoPro e bermudas justas de lycra. Bicicleta podrona, sacolinha de mercado, as vezes com vassouras e cortadores de grama, as vezes com garrafa térmica e mala antiga de cursinho, radinho de pilha na cestinha. Bici moderninha, dobrável, óculos de aro preto, roupa de trabalho, bolsa. Bici com criança na garupa, mochila da escola, mãe de trança no cabelo e saia comprida.
Ipês roxos, amarelos e rosas. Azaléias em flor, hortências já queimadas, hibiscos laranjas, botoes da próxima florada. Verdes de todos os tons, fibras das paineiras, sementes, espinhos, folhas secas, árvores cortadas no formato do trem. Ameixas amarelas ainda verdes, , amoras em projeto, pitangueiras preguiçosas, bananeira que vai tomando conta com cacho de banana alto que não se alcança.
Casas bem guardadas, jardins cuidados, muros baixos, reformas, caçambas. Lojas, predinhos, arquiteturas de todos os estilos, tijolinho, janela com cortina. Lambrequins!
Cachorros de todas as raças, do lado de dentro, do lado de fora, com coleira e dono, livres e em bando. Alguns gatos nos muros e janelas, muitos sabias. Um periquito.
Carros que dão passagem, sinais que demoram, travessias sinalizadas em vermelho, ciclistas que passam zunindo, muito perto. Asfalto, buraco e ondulações, poças de água e lama, fendas, pedras. Pichações e grafites de arte duvidosa, marcações de quilometragens, recados, declarações de amor e de ódio. Cães perdidos, fretes, sorte, massagistas, aulas particulares, placas e sinais. Propaganda, 
Neblina, garoa e nuvens. Vento gelado, raios de sol. 
Gente saindo pro trabalho, vigias deixando o turno, fumaça de carro a álcool, gente cortando o caminho, celulares, pontos de ônibus cheios. Banca de revista animada, mesinhas e cadeiras, aparelhos de ginástica recém inaugurados. Gente dormindo e acordando, colchão só na espuma, cobertor esfarrapado, fogueira e canequinha.
Gordos, magros, altos e baixos. Rabos de cavalo, cabelos grisalhos, ipod e fone branco, suor. Corredores compenetrados, gente que só anda, gente que diz bom dia, gente que passa reto, conhecidos de antes, conhecidos da caminhada. Duplas animadas, amigas fofocando, casais discutindo, personal e aluno.
Hoje foi assim!






quinta-feira, 3 de julho de 2014

Eu uso óculos

Pois é, uso óculos desde os meus dois anos de idade. Isto quer dizer, uso óculos há muuuuito tempo, minha vida inteira, praticamente. E odeio. Sempre odiei.
Meu quadro é crítico, eu tenho praticamente todos os problemas que uma pessoa pode ter na vista. Hipermetropia, astigmatismo, estrabismo, olho preguiçoso, olhos com visão diferentes... e agora pra completar, entrei no maravilhoso mundo da presbiopia. Um feito e tanto!
Já usei todo tipo de óculos que você pode imaginar que já criaram. Redondos, quadrados, acetato, tartaruga, metal, finos, grossos, retrôs, transparentes, coloridos, pretos, gatinho, fininho, tudo! E comprar óculos sempre foi um suplício. Decidir com que cor ou formato você quer colocar no seu rosto por pelo menos um ano todo, é um horror. E tem mais, quando vou experimentar os óculos na loja, não enxergo nada, é o ó!
E as lentes.  Como sou esse turbilhão de problemas e pra colaborar, meu grau nunca baixou de 5 positivos, eu sempre usei aquelas lentes grossas, mesmo com o advento das hiperlights e afins. Pode ser antireflexo, antiriscos, transitions, nada disso me deixa feliz. Agora entrei  no mundo multifocal. Enfim, você poderia contar a história da evolução das lentes pelos meus óculos.
Um dos meus antigos óculos, numa foto feito pelo meu querido oftalmologista Mauricio Brik
De uns 20 anos pra cá, comecei a usar lentes de contato e aí também já fiz a romaria das lentes. Duras, gelatinosas, fluorcarbonadas,  até chegar nas queridas descartáveis.
Usar lentes foi uma mudança enorme na minha vida. O óculos é uma coisa que nos marca muito, é um peso e uma marca na sua cara. Alguns gostam, acham que é um acessório, que embeleza, que imprime um estilo. Nunca foi o meu caso. Usar óculos sempre foi uma coisa que me incomodou e as lente de contato foram como se eu saísse de uma prisão. Usar lentes, pra quem usou óculos durante uma eternidade, é como tirar uma moldura na minha cara, literalmente.
Infelizmente, sou super alérgica e as vezes tenho que dar uns tempos das minhas lentes, e com essa nova presbiopia maledeta, tenho que usar óculos para ler mesmo quando estou de lente. É o fim! Essa foi a pior notícia da vida. Quando finalmente estava livre e feliz, vem essa história? Vocês não imaginam como eu perturbo o meu oftalmologista. "Não dá pra mudar um pouquinho, aumentar o grau aqui, tirar dali?" Faço tudo pra não usar óculos. E se você me ver franzindo a testa pra ler, já sabe o que está acontecendo.
Mas sem dúvida usar óculos é uma coisa que nos tranforma. Só quem usa sabe. E para quem sempre usou é ainda uma coisa mais profunda. Posso dizer que usar óculos é quase como uma parte da minha personalidade. Vejo o mundo por trás de lentes e acho que isso me fez sempre ser muito observadora. Gosto de ver o mundo por trás das coisas, gosto de olhar. Acho que a minha dificuldade para simplesmente ver, me fez gostar muito de enxergar e quero sempre enxergar as coisas com muita atenção. Ver e descrever. E aqui estou eu, vendo e descrevendo com meus 6,5 graus atuais, no meu óculos multifocal preto, enquanto não acerto o grau da minha lente.