domingo, 29 de dezembro de 2013

Adeus ano velho

E não é que ele vai acabar mesmo? O ano que começou ontem, tão rápido, acaba depois de amanhã.
Deixando a retrospectiva oficial para o Sergio Chapelin, o fim do ano pra mim mudou muito.
Antigamente, bem antigamente, no final da adolescência, eu conseguia ter tempo de realmente  fazer  uma reflexão sobre o que tinha me acontecido nos 12 meses anteriores. Eu tinha um caderno e ia escrevendo tudo de especial que havia me acontecido mês a mês. Beijos roubados, pessoas que tinha conhecido, noites divertidas, coisas especiais, viagens, sonhos realizados, enfim, momentos que tinham feito o ano ser válido. Adorava esse momento, era quase sagrado. Sentava em algm lugar especial, a varanda da praia ou o telhado de casa, bem à lá James Taylor, e escrevia, e lembrava, e ria sozinha, e tambem chorava com essas emoções e pessoas que vinham dançar na minha memória.  Cada coisa uma linha, Enchia páginas. Que delicia ver e reviver tudo de novo, e achar tantas coisas legais. Fiz isso dunte  anos.
Nos meus 20 e tantos, já com outra cabeça, a idéia era achar 10 coisas que tinham sido super no ano que estava acabando. Tinha que ter acontecio pelo menos dez coisas importantes num ano!!!! E como aconteceu, casei, me formei, trabalhei, virei gente grande. À meia noite pensava mais nos sonhos do futuro. Foi a década das viagens e planos pra grandes reveillons! Cada ano num lugar, viagens incríveis culminando com as velas do barco Antícia singrando os mares das Ilhas Virgens Britânicas, top!!!!! 
Ai veio o bug do milênio e a grande e sonhada (e planejada com muita cerveja e caipirinha) viagem para a ilha de Tonga, o primeiro lugar do mundo a receber o novo milênio foi cancelada em virtude da chegada do Ben. Meu primeiro ato no tão esperado ano 2000 foi dar de mamar, e foi lindo!!! E começou a década da praia com as crianças, maravilhosa, entre a Ilha e Mariscal. Às vezes com os amigos, às vezes com a família, às vezes com os dois!! Sempre Mágicos!!! 
Essa última década, na qual estou chegando ao meio, foi bem diferente e eclética. Fiquei em casa, fui pro frio, fui numa festa de clube, fui pra praia. fui pro México. A maior parte deles com minha famiíia, juntando primos que não tem a sorte de morar na mesma cidade mas que parecem terem sido criados juntos e curando a dor da perda da minha mãe... 
Hoje o tempo passa diferente, ele voa. Quase não dá tempo de sequer pensar e lembrar do que aconteceu. Sinto falta do meu caderno, do encantamento que as coisas tinham, do que me fazia incluir coisas tao banais na mnha lista de coisas a serem lembradas. Ainda faço a minha lista, de  cabeça, rapidinho, comendo as uvas, entre os desejos de saúde e feliciadade. Felizmente sempre tem pessoas e momentos nessa conta. Talvez eu esteja mais seletiva e ao invés das páginas tenha parágrafos. Menos conquistas minhas, mais conquistas dos meus. Algumas dores e perdas a mais mas muito a agradecer. Os amigos estão lá, a familia está lá, os sonhos estão lá. É tudo que eu preciso.
Então 2014, seu lindo, pode chegar!!!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O meu conto de Natal

Chegou o Natal!!! Época mágica para todos, será?
Minha primeira lembrança do Natal é não ter Natal! Calma, vou explicar. Sou descendente de uma família judia e, portanto, não celebramos o Natal. Isso pode ser uma coisa bem complicada de explicar para uma criança pequena, sobretudo uma criança brasileira, onde o natal é praticamente uma instituição. Tudo e todos, desde outubro, começam a pensar e falar do Natal. 
Por isso meus pais tiveram que criar um contexto todo novo para que eu e minha irmã não nos sentíssemos tristes e deslocadas, afinal só a gente não ia decorar a casa, não ia ter festa e o pior, não iria ganhar presentes no dia 24! Então criamos os nossos próprios rituais de Natal.
O preferido era sair de carro pela cidade, no dia 24 à noite, para ver as decorações da cidade e para o grande Campeonato de Contagem de Pinheirinhos. As decorações da Hermes Macedo eram as mais aguardadas, tanto a da loja na Rua Barão (do Cerro Azul) quanto da casa da família, na Av. Batel, lindas! Os pinheirinhos em questão eram as árvores das casas cheias de lâmpadas coloridas num mundo pré pisca-pisca que forram as casas de hoje. Era tudo mais simples e não por isso menos comovente. Até hoje sinto saudades dos pinheirinhos feitos nos postes de luz das principais praças na década de 80.
Fui crescendo e entendendo todo o contexto religioso do Natal. Nessa época, nossa família foi adotada pelos Grecas que faziam um dos Natais mais lindos que se pode imaginar. A chácara da família, toda decorada, a mesa maravilhosa e o carinho das tias (Loli, Chiquita, Mafalda e Terezinha) faziam a experiência do Natal realmente acontecer. Você podia sentir o espírito do Natal acontecendo por lá. Pelo menos o que o Natal representava para mim.
E assim foram anos, e fui adotada por diversas famílias que tiveram o carinho e a generosidade de me receber em suas casas, judia errante que era. Tia “Chinesa”, Tia Silvia e Tio Arlineu, todos eles sempre representarão pra mim o que essa festa tem de mais lindo, o amor, a família reunida, o aconchego.
Hoje tenho finalmente o meu Natal. Na casa dos Hoffmann onde fui recebida como filha há mais de duas décadas. Tenho a honra e a sorte de poder montar com a minha sogra Elisete o pinheirinho que nunca tive quando criança. Tenho o prazer de encher o carro de presentes pra essa família tão querida. Esse Natal é grande, barulhento, como deve ser. Minha sogra sempre faz questão de que tenha seu momento de oração. É um Natal que reúne os primos de fora, os agregados, as famílias dos agregados e às vezes acolhe quem estiver errante por ai, como um dia eu fui. É uma lição para os meus filhos. Eles ainda não tem a árvore, as luzinhas e os presentes em casa, mas tem a sorte de vivenciar o Natal em sua plenitude da casa da avó.

Portanto, pra quem não tinha Natal, vivi sempre o melhor dele. Posso então dizer que o Natal é sim mágico para todos, independente da sua fé religiosa. O Natal é sobre o amor que junta, acolhe, agrega, seja você quem for! Feliz natal pra todos!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Eu voltei!

Não gosto muito de ficar chorando as pitangas e ululando sobre o óbvio mas a volta pra casa de uma viagem internacional é realmente um choque amargo.
Você está naquele estado emocional de beatitude, alimentado pelos passeios e coisas bacanas que viu sentiu e comeu lá fora, é quase um estado de graça. Aquela coisa boa de viver de forma diferente, de leveza da alma....até chegar no aeroporto.
Fácil achar onde ir, é só ver a maior fila de todas. Brasileiros são um acontecimento em qualquer aeroporto que você esteja. É aquela turma barulhenta, bagunçada, colorida, que viaja com sogra, tia, primo sobrinho, de chinelo, entulhada de malas, seja em dólar ou euros. Sei que você está pensando: "eu não sou assim", que eu estou generalizando e estereotipando. Pois sim, eu estou! É isso que você vê em 80% das filas de Check-in quando a palavra Sao Paulo (sem acento mesmo) e Rio de Janeiro esta na telinha da companhia aérea. Você até tenta fingir que não tem nada a ver com isso, fala inglês na tua vez, dá uma esnobada, mas não tem jeito, alguem já puxa papo com você na fila, quer saber o que você fez, ver tuas fotos, rs!
Mas o problema não é esse, o problema não são os brasileiros, esse é o lado divertido de voltar pra casa. O problema é como a gente é tratado no minuto que o avião coloca suas rodinhas em solo brasileiro. 
Nessa minha última volta foi assim:
Depois do pouso, ficamos cerca de 45 minutos parados na pista do aeroporto, esperando por uma colocação no finger (aqueles corredores que parecem umas minhocas por onde a gente entra e sai do avião). Os atendentes do voo pedindo desculpas pelo inconveniente de 15 em 15 minutos. E a gente ali, sem poder levantar, literalmente parados no meio das pistas de guarulhos. 
Quando finalmente descemos, encaramos a fila da Policia Federal que dobrava várias vezes aquele labirinto de cordinhas que eles montam e a gente fica indo e voltando, indo e voltando. Pelas minhas contas, mais de 30 minutos nessa lenga lenga pra quem tem passaporte brasileiro, como os gringos tinham mais guichês disponíveis, devem ter levado "só" 20.
Capitulo seguinte: as malas. Quando cheguei na esteira pra pegar a minha malinha (uma só, rs!) estava uma zorra total. Metade das malas jogadas no chão, a esteira parada, cheia de malas, gente berrando, tudo espalhado, todo mundo tentando andar por cima das malas pra achar a sua, uma cena de filme americano tipo tragédia. Mas a minha tava lá, ufa!
E como eu sou do interior, ainda tinha que enfrentar tudo de novo, pra pegar meu voo pra casa.  Check-in da Gol 2 minutos no totem, oba! Despachar a mala no drop off, termo novo que eles estão usando, 30 minutos de fila....
Bora rapidinho pro embarque que por mais que eu tenha deixado um intervalo de 2 horas e meia pra todo esse processo, o tempo tava ficando curto. Mais uma filinha de uns 20 minutos vergonhosos pro raio x e pronto, cheguei na rodoviária a tempo do meu embarque porque ele atrasou, obviamente. Digo rodoviária porque o portão 17, lá em embaixo, onde você pega seu ônibus pra ir pro avião, é bem isso. Apertada, cheia e bagunçada, com 4 vôos saindo ao mesmo tempo e gente perdida pra lá e pra cá. A tela marca um embarque pra Manaus e as funcionárias gritam outro, tipo Foz do Iguaçu.
Pra fechar com chave de ouro a minha epopeia, ficamos outros 50 minutos fechados dentro do avião, em terra, no meio da pista, esperando posição para decolar. De novo sem poder nem levantar pra ir no banheiro, pois o avião poderia se mover a qualquer momento. A única diferença entre essas paradas é que ninguém dá uma satisfação, ninguém fala com a gente nesse tempo todo. E assim foi!
Não estou preocupada com a Copa, estou preocupada comigo, com você, com todo brasileiro que paga seus impostos e uma sustanciosa taxa de embarque, pra ser tratado como lixo. Esse desrespeito é uma vergonha. 
Chegar nos nossos aeroportos é um banho de água fria que gela a alma, irrita, e envergonha. Chegar nos aeroportos brasileiros nos faz lembrar de quanta coisa a gente precisa mudar.





segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ah! Paris!

Ah! Paris!!!! Todo mundo ama Paris!!!
E um dos melhores clichês do mundo.
Não tem como não se impressionar com a beleza dessa cidade. Isso todo mundo já sabe. 
Eu amei estar em Paris e vou contar porque:
Adoro saber que em algum momento da história do mundo as palavras Liberte, Egalite, Fraternite eram tão importantes pras pessoas a ponto de serem  gravadas nas dachadas das suas casas. Várias casas.
Em qualquer direção que se olhe a perspectiva sempre engloba uma torre, uma abóbada, uma fonte, um monumento. Qualquer uma, sempre!
O amor ao livro. Qualquer livraria de Paris parece um santuário. 
Você vê smokings nas vitrines das lojas masculinas.
As pessoas são naturalmente chiques. Todo mundo usa cachecol, lenços, echarpes, gorros, boinas e casacos lindos.
Cada  café  de esquina de Paris é um acontecimento em néon. Todos se dão muita importância e todos parecem famosos. 
O céu de Paris e todo tracejado pelos rastros de aviões, as vezes parece uma renda no céu.
As crianças vão pra escola de patinete e podem ficar na porta da escola conversando, sem medo, como eu podia fazer. Meus filhos não podem!
Gosto de ficar procurando a Torre Eiffel por cima das casas,  as vezes é uma pontinha, as vezes é o pescoço. Quando a gente vê inteira é sempre um prazer.
Gosto de ver todos os pontos turísticos da cidade em todas as viagens à cidade. Nem que seja uma espeidinha rápida.
As fromageries, boulangeries, chocolatieries, etc, nas ruas gastronômicas e feirinhas de cada arrondisement. 
Les vers du vin em toda refeição e os rótulos caligrafados dos vinhos franceses.
Pão  com manteiga, ponto!
Flanar...
Ah! Paris!!
Já tenho a lista pronta pra tudo que eu quero fazer na próxima viagem.


sábado, 7 de dezembro de 2013

Vôo solo

Viajar é sempre uma delicia!!
Viajar sozinha é uma delicia completamente diferente!!!!!
Viajar sozinha depois dos 40 é uma experiência ainda mais interessante!!!!!
Ninguém pra te incomodar, ninguém te conhece, ninguém esperando quando vc quer entrar naquela lojinha, liberdade total de escolha de programação, sonho de qualquer viajante!
Ficar completamente sozinha numa cidade incrível como Paris, nem que sejam só 24 horas é realmente um sonho. 
Explico: vou encontrar meu pai e minha irmá na cidade luz. Porém, por questões de vôos e horários, acabei ganhando esse plus na viagem: vou embora antes, mas ganhei 24 horas de passe livre. 
A experiência foi obviamente agradabilíssima mas me fez pensar em como a noção do que é uma viagem legal mudou pra mim, agora que há confessei que sou balzaquiana.
Explico: aos 18, na fase mochileira Europa por US$10, o adjetivo sozinha não fazia a menor diferença. Conhecer pessoas ao longo do trajeto era tão parte do programa quanto la Tour Eifel. Você pode ter ido sozinho  mas jamais fará qualquer coisa sem pelo menos uma nova aquisição amigável. E estou falando de tempos pré Facebook, quando a gente tinha que literalmente conhecer gente!!!!
Depois, as viagens de casal, românticas,  onde você nunca quer ficar sozinha!! Cadeados nas pontes e programas culturais, caminhadas de mãos dadas e ficar pedindo pra estranhos tirar suas fotos. Check list de todos os pontos turísticos. Vocês no Louvre, vocês no Arco, vocês numa mesa de restaurante com uma velinha na mesa e uma rosa na mão. Vocês em todo canto, haja estranhos, rs! Quem está pensando em amigos?
Na fase família você fica amigo de todo e qualquer casal que tem crianças como você. Oba, seu filho achou um amiguinhos e vc pode ousar olhar aquela vitrine linda enquanto ele se estapeia com o recém novo best friend. Vocês mudam toda a programaçao da viajem por causa de uma dica daquele casalzinho que tem uma filha da mesma idade que a sua e ficou conversando com você no café da manhã, afinal a filha deles amou! Vocês são pelo menos quatro em todo lugar!
Aí chega a maturidade e você pode finalmente fazer como os parisienses e sentar sozinha naquela mesinha de esquina e tomas um café com croissant enquanto lê um jornal deucement, sem olhar no relógio, ah Paris!!!!
Na verdade, você até olha no relógio por que daqui a pouco tem que tentar achar a única loja que vende a camisa do Paris Saint Germain que os homens da casa encomendaram e ficá la no outro arrondisement. Tem que aproveitar que está sozinha pra achar algo pra filha também e quem sabe dar sorte de achar  alguma roupitcha pra gente que não use número de sapato no manequim.
E tem que fazer aquele último ponto turístico que todo mundo já conhece mas tá faltando na sua lista.  Porque essa balzaquiana queria porque queria ir na Sacre Cuer que é ali, no outro lado do mapa. Acho que posso deixar a toda gigante pra ir com as crianças.... Se bem que ela tá piscando pra mim.
E tem que flanar, o verbo da cidade, e tem que fazer algo novo, diferente, uma aula de culinária, afinal você está sozinha e pode fazer qualquer coisa!!!
E tem que achar um restaurante bacana que tenha clima legal pra você sentar sozinha sem ficar triste. Sim porque aos 40 já não é tão fácil puxar papo com estranhos, muito menos levá-los pra jantar. 
To achando que essas 24 horas tão muito curtas!!!!