domingo, 29 de setembro de 2013

Segredos da cidade

Adoro andar por ai. Ando quase todo dia, é o meu exercício preferido. Se o tempo ajuda, lá vou eu pra ciclovia e ando pelo memos uma horinha. Nada de esteiras, gosto do vento, gosto de ver gente, do movimento da rua. 
Ultimamente, nos finals de semana, tenho ido um pouco além. As caminhadas estão aumentando. Adoro sair por aí e andar 10, 12 quilometros. Esses dias cheguei a 15. Cruzei a cidade, literalmente, do Cabral até o Pequeno Cotolengo. Andei a Sete de Setembro inteirinha.
Não tem jeito melhor de conhecer a cidade.  Voce vê cada cantinho, o jasmim em flor da casa da esquina, uma escultura na casa do lado, o gatinho na janela. A fachada descascada, o prédio novo. Um graffiti lindo, a pichação criminosa. Se você andar por uma rua no sentido contrário ao que anda de carro então, descobre uma rua nova. Muda toda a perspectiva, você descobre uma arquitetura que nunca tinha reparado, a casinha antiga super conservada, os últimos lambrequins. 
Além dessa coisa física, voce descobre a alma da cidade também. Descobre a velhinha que tem 50 gatos. Descobre o senhor cuidando da roseira. Descobre as mães levando seus filhos pra escola de carro, de bicicleta ou esperando a lotação. Descobre quem faz exercício com você, quem caminha, quem corre. Descobre as amigas que andam juntas, descobre o pai ensinando a filha a andar de bicicleta. Quem tá apressado pra ir trabalhar,  quem tá só de bobeira, passeando. Vê familias inteiras no parque, vê gente sozinha. O passeio do cachorro, quem dá pão pros passarinhos. Quem comprimenta, quem passa directo. Quem ta consertando a casa, quem tá lavando a calçada. Quem tá verdendo docinho, vassouras, pano de prato de casa em casa.
Andar po aí é uma delicia, uma aventura, você se sente um explorador que descobre pequenos segredos. É como se só você conhecesse essa cidade, como se todos esses detalhes fossem só seus. Large o carro, se perca por aí, você vai achar um mundo novo nessa cidade que vocē pensa conhecer tão bem!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Som na caixa!

Para mim, a melhor invenção do mundo foi o Ipod.
Não vivo sem música, meu sonho sempre foi ter trilha sonora o tempo todo, como nos filmes, a vida passando e um som apropriado para aquele momento tocando em auto falantes mágicos.
Quando era (bem) mais jovem ficava horas no meu quarto ouvindo música, pensando na vida. Adorava copiar as letras das que eu mais gostava em cadernos que tenho até hoje. Comprava aquelas revistinhas de música cifrada e copiava, copiava até cansar a mão.
O primeiro dinheirinho que sobrava a gente corria pra Savarin, pras Lojas Americanas, pro Rei do Disco atrás das novidades. Aquele "folhear" de LP nos balcões dessas lojas era uma delícia, as capas passando uma a uma. Depois veio a fase de gravar fitas (cassete, pra quem não sabe). Escolher as músicas, sincronizar o apertar das teclas play e rec com o descer da agulha no aparelho de som não era para iniciantes. Tinha que ter técnica, ir abaixando o som, fazendo o fade out. Mágico!
Fazia tudo com música, para desespero da minha mãe. Lia, estudava, tomava banho, sempre com o som rolando. Só morria de preguiça de levantar pra mudar o lado do disco ou da fita. Tinha trilha sonora pra tudo, até pra se acabar de chorar quando levava um fora, só ouvindo música dor de cotovelo.
Um dos presentes que mais amei e usei na vida foi o meu Walkman. Veio direto do Japão, um Sony que tinha o tamanho da fita, lindo, todo prata fosco. Como naquela época a gente tinha a liberdade de fazer tudo a pé, foi o meu grande companheiro durante anos. Não me separava dele, mas só dava pra ouvir uma fita por vez....caprichava na escolha, uma de 90 minutos, bem variada, no máximo levava mais uma na mochila.
A gente tinha que ter espaço em casa pros discos e pras fitas. Quando tive o meu primeiro apartamento na vida, era uma preocupação de verdade. Medimos a nossa pilha de discos, projetamos um móvel pra acomodar tudo aquilo, deixamos um espaço reservado pros discos que viriam. Toda casa dos anos 90 tinha que ter um armário especialmente projetado pra cds.
Dai veio o tal do Steve Jobs e colocou na minha mão, todas as músicas que eu quisesse.
Meu primeiro Ipod, o classic de 8 GB ainda tá vivo. Bem doentinho, problemas de bateria, chiados, apagões, não sei como vou me separar dele um dia. Já tenho alguns descendentes dele pela casa, mas ele é especial. Tem toda a minha vida musical dentro dele, todos os meus gostos. Quando ele chegou, eu coloquei cada uma das 8 mil músicas que ele tem. Alimentei ele com vários cds, alguns emules e bit torrents, confesso, mas a maioria das músicas foi colocada ali manualmente, foi escolhida, pensada. tem um porque.
Ter toda a sua biblioteca musical da vida, na mão, é uma coisa que só quem nasceu no século passado pode apreciar com o devido respeito. Você leva pro carro, leva pra viagem, pro trabalho, pro banheiro (sim eu continuo tomando banho com música) é demais! E tá tudo alí, naquele trocinho!
Pena que o Steve morreu sem que eu pudesse agradecer pessoalmente pela alegria que ele me proporcionou. Mais pena ainda porque ele seria o único capaz de resolver a questão dos auto falantes mágicos da minha trilha sonora!

domingo, 22 de setembro de 2013

Choque de gerações

Meus filhos estão entrando na famigerada adolescência. É uma transformação total das nossas relações. De repente,  não mais que de repente, ficamos velhos. Começou o choque de gerações. 
Lembro bem da minha adolescência, lembro do que achava dos meus pais e o que achava dos meus avós. Por mais que entenda quem eu sou nessa nova ordem (sou a velha) acho muito difícil me colocar nesse papel.
Meus avós ficaram velhos muito cedo. Com 50 anos eles se vestiam e eram fisicamente iguais ao que eles eram aos 80. Nas minhas memórias, eles tinham uma vida toda voltada pra família, não saíam, não tinham muita vida social. Duvido que meu pai jamais tenha levantado a voz para eles. A ordem vinha de cima e acabou.
Meus pais não, eram mais descolados. Eles tomavam whisky, discutiam muita psicologia e filmes franceses, coisas de gente grande. Mas eram muito liberais, a distância entre nós era menor do que eu via na casa dos meus amigos, mas existia. Tinha muita liberdade, mas tinha muita responsabilidade. Não era não. Até tinha espaço para alguma argumentação, mas a palavra final era deles. E assim eu nunca entrei num fliperama e não pude ir no primeiro Rock in Rio, apesar de todas as lágrimas e de toda a minha gritaria.  
Nunca pensei muito na idade deles quando eu era adolescente (nos meus 18, meu pai tinha 50 e minha mãe 42, mais nova do que eu hoje) mas quando eu fui crescendo, eu tinha a impressão que eles tinham congelado nos seus 50 e 60. Até hoje, acho que a geração deles se vê assim. 
Eu acho que a nossa geração tá congelada nos 30. Nossas roupas, nossos programas, nossa cabeça, tudo remete a essa idade. Aí fica complicado essa questão de choque de gerações. Nossa distância para os nossos filhos ficou menor. A gente faz coisas muito próximas desse universo adolescente. Eles vem falando conosco de igual pra igual, temos que lembrá-los quem é que manda na casa (sim, somos nós, eu juro). 
Meus pais não iam na balada, então era fácil para eles dizer "você não vai". A gente gosta de sair, gosta de dançar até o sol raiar. No meu caso, quando o Ben e a Liana começarem a ir, serão eles que vão dizer, "mãe você não vai"!  


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Amizades instantâneas

A gente tem na vida um mundo de amizades diferentes. Gente que a gente conhece desde que nasceu, gente que estudou conosco, gente que trabalhou conosco, gente que veio por outros amigos, gente conhecida, gente digital (agora tem isso também)e gente que surge na sua vida assim de um estalo.
Tem gente que consegue te encantar num clique, acho isso mágico!
Sabe aquela pessoa que passa como um cometa pela tua vida e mesmo assim, desperta uma amizade instantânea? Você passa uma tarde com a pessoa e parece que conhece ela a vida inteira. Você sabe que provavelmente nunca mais verá a pessoa e instantaneamente sente saudades. Quando lembra desse encontro fortuito é sempre com um sorriso. Acho isso mágico!
O que faz você se sentir tão bem com essas pessoas? O que faz você se desfazer de todas as barreiras com esses desconhecidos? O que faz você criar uma intimidade relâmpago com essa pessoa tão distante? Acho isso mágico!
De repente você conta toda a sua vida, você descobre mil afinidades, dá boas gargalhadas, chora junto nesse primeiro e as vezes único encontro, Acho isso mágico!
Tive algumas dessas pessoas na minha vida. Algumas delas sumiram como vieram, deixando aquele carinho gigante no peito. São quase sempre efêmeras, suaves e diáfanas, como se não fossem reais, quase um sonho de amizade. Esse é o seu grande poder, foram feitas de instantes, nada mais.
Tive a sorte de conseguir transformar algumas delas em amizades mais duradouras, mas são sempre diferentes, não exigem tempo nem espaço. Só deixam a gente mais feliz. Acho isso muito mágico!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Casamento de viúva, casamento de espanhol

Chove! Nesses dias assim,cinzentos, meus pensamentos ficam tão embaçados quanto a janela fechada que guarda o calor do quarto.
Acho que sou movida a sol. Meu humor muda muito com as mudanças climáticas. Um dia cinza me tira todo o ânimo. Essa situação é perfeita para quem mora numa cidade climaticamente quadripolar como Curitiba, não é? O nosso tempo altamente variável deixa todo mundo meio esquizofrênico. Vamos do céu ao inferno em poucos graus, é desgastante, uma montanha russa de humores que só quem tem estofo e um sangue ítalo-germano-polaco-judaico-japonês-arábico aguenta.
Mas que o sol deixa todo mundo de melhor humor, é incontestável. Vejo isso quando vou trabalhar, a gente já chega no escritório com outra energia, todo mundo se cumprimenta, as risadas são ouvidas nos corredores. Todo mundo é mais simpático. O conversa é animada, a criatividade fica a mil.
Ai vira, fecha o tempo. Fechamos a cara também, é automático. Tá certo que fica todo mundo um pouco mais concentrado, não tem nada de bonito pra ver lá fora, não estamos pensando em achar um restaurante com varanda pra almoçar e aproveitar. O trabalho nos destrai. A gente se concentra e tira o atraso de todas aquelas coisas chatas que estão se acumulando na mesa, todo o trabalho burocrático é resolvido nesses dias.
Chuva com frio então, é um estado de espírito específico. Muito desagradável, por sinal. Ninguém gosta de chuva e frio. Chuva com sol, vá lá, a gente consegue resolver. Chuva faz bem pras plantinhas e tal, mas com o frio, danem-se as plantinhas, a agricultura, o planeta, só não me peça pra sair de baixo das cobertas.
Aposto que tudo de pior no mundo foi pensado num dia frio com chuva. Se alguém fizer uma pesquisa vai acabar descobrindo uma relação entre chuva e frio e declarações de guerra. Entre grandes fraudes bancárias, reuniões de corruptos. Duvido que alguém consiga pensar em fazer qualquer coisa de ruim a outro ser humano num dia maravilhoso de sol. Eu jamais conseguiria.  Sair da caminhada, da bicicleta,  sair da praia, do parque, pra sacanear alguém deliberadamente ? Difícil....
Sei que tem gente que pensa exatamente ao contrário, que são movidos ao frio, que detestam o calor, passam mal.  São provavelmente seres pecilo térmicos que ainda não completaram a sua evolução para o raça humana, não podemos culpá-los. Sei que o suor,  a lombeira também podem ser desagradáveis, mas convenhamos, a evolução dos ares condicionados existe para acabar com esses detalhes. No frio, aquele que dá nos ossos, não tem aquecedor que resolva. E volto a insistir, o humor da rapaziada em geral, num dia frio é visivelmente mais complicado.
Mas se você mora em lugares civilizados climaticamente, onde o verão é verão, onde o inverno é inverno, e eles ocorrem dentro dos três meses que lhe são de direito, não deve ter muitos problemas. Sempre existe a saída no aeroporto mais próximo para anular a estação que lhe desagrada.
Para os curitibanos, só nos resta a batalha diária de acertar o modelito e torcer para que a sua estação preferida domine algumas das 24 horas diárias.
Falando nisso, olha o sol querendo sair! Viva!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Delicadezas

Você conhece o Pinterest? Eu queria morar lá!
Na prática o Pinterest é um gigantesco mural onde você pode "pinar" (marcar) as coisas interessantes que você vê por lá. Lembra aqueles antigos quadros de cortiça, cheio de tachinhas (os pins em inglês) e recortes, pois é, o Pinterest é a versão digital dessa coletânea de assuntos, desse caos de ideias, que a gente não quer perder de vista. 
São diversos segmentos, de citações a engenhocas, maquiagem e presentes, viagens e moda, design e arquitetura. 
Daí você passeia pelas páginas e vai marcando o que gosta. Você pode montar seus próprios murais temáticos e pode ver o que as pessoas estão marcando e seguir os amigos. Enfim, mais uma rede social.
Mas o que eu mais gosto no Pinterest é o enorme ramo de artesanato, festas e coisas afins. É um mundo de sonho. Tudo é tão lindo, caprichado, bem sacado, poético, sensacional!
É o mundo da delicadeza. Um lugar onde as pessoas tem tempo de fazer tudo com muito detalhe, muitas delas à mão (o famoso DIY ou do it yourself), tudo nas cores mais lindas, com simplicidade e genialidade. É um encanto. 
Por isso queria me mudar pra lá. Nesse lugar onde as pessoas tem tempo de fazer (e cozinhar, obviamente) jantares lindos, mesas incrivelmente decoradas com marcadores de lugar, enfeites maravilhosos. 
Lá, as crianças tem os melhores brinquedos, nada industrializado. Os quartos são cheios de detalhes, cabanas, cores. Lá, elas brincam em casas nas árvores que foram feitas pelos pais, em castelos de papelão, naves espaciais.
Lá, ninguém mora em apartamentos minúsculos, são casas com cantos para qualquer desejos, infinitas soluções pra o que você pensar. Estantes recheadas de livros, painéis alucinantes pra fotos de gente feliz. Os jardins tem redes, piscinas lindas e longas cadeiras ao sol. À noite,  tem lugar pra fogueira e marshmellow. Nas cozinhas mais fantásticas, só receitas saudáveis e lindas.
Lá também as pessoas são melhores, escolhem um monte de citações que enaltecem qualidades, amizades, virtudes. Tudo na mais delicada caligrafia.
Um refresco para esse nosso mundo cão. Pode até parecer meio chato, todo perfeitinho, mas ás vezes é um bálsamo se refugiar nesse mundo. Tem muita coisa genial e fácil de se trazer pro mundo real. Aliás, é tudo real. isso é o que me encanta. É como todo mundo poderia viver. É um mundo que existe. 
Pinterest devia ser ensinado na escola!




quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Santa ignorância

Ver o noticiário virou uma tortura. Eu estou aqui, em frente a tv e o estômago está embrulhado. Como é que pode? Só notícia desagradável, violência e corrupção em todos os níveis! É humilhante!.
Nao dá mais pra ver o dinheiro público indo pelo ralo, o Congresso e o Senado empurrando com a barriga questões básicas de civilidade, seriedade, transparênca. A saúde então, que tristeza. Às vezes nem dá pra acreditar. É isso mesmo? A entidade condenada por desvio de verbas ainda assina convênio com o Ministério? Gente, na vida real, se você me sacaneia eu te tiro da minha lista, simples assim! Novo julgamento pros mensaleiros condenados, sério? Que horror!
Acho que vou me alienar. Desistir de assistir e ler s jornais, parar de saber dessa negatividade toda. Pra mim chega! E como jornalista, não é uma decisão fácil, mas necessária. Preciso alimentar meu espírito com coisas melhores. Vou sair do ar. O mundo com certeza ficará mais leve, como nas férias. É isso. Vou ficar duas semanas na santa ignorância!
Podem me criticar, dizer que isso não muda nada, só empurra as mazelas pra baixo do tapete. Ou, pior,  que isso não é condizente com o momento atual, época de engajamento, indignação e manifestações. Tenho plena noção de tudo isso. Mas acho que preciso dessa desintoxicação. Preciso desse distanciamento pra poder voltar a me indignar sem sofrer, sem a angústia. Preciso de ar.
E quem sabe quando eu voltar o mundo me surpreenda. Poliana perde!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Onde você estava em 11 de setembro?

Hoje é 11 de setembro. 
Há 12 anos atrás, exatamente nesse horário estava petrificada em frente à tv assistindo à cena mais surreal que já vi na vida. Lembro da sensação de não conseguir acreditar no que via. De saber que não era mas querer acreditar que era tudo um filme muito bizarro. Lembro de não saber o que sentir, um vácuo enorme, um novo tipo de emoção me assombrou, não era medo, não era tristeza e até hoje não sei que nome dar ao sentimento amargo que me tomou vendo aquela fumaça saindo do World Trade Center, em NY.
Independente de tudo que representava para o mundo, aquele lugar era especial pra mim, particularmente. Era o lugar que eu sempre, sempre ia quando estava em NY. Adorava subir naqueles elevadores supersônicos que subiam em dezenas como se fossem unidades. Adorava o desenho dos pontos turísticos nas janelas, adorava sair no terraço e ver o mundo tão de cima. Aquela cidade tão frenética que ficava calma pelo tempo que se estava lá. Pequenos pontinhos se movendo pra todo lado. Até o vai e vem barulhento dos turistas (ao qual eu não me incluía, é óbvio) me alegrava. A fila, os funcionários, as bugigangas pra comprar. Sempre ia ao WTC, sempre. Adorava escrever ali. Ainda tenho os cadernos. Lá eu conseguia a calma para botar os pensamentos no lugar e escrever. 
Ví o segundo avião, que dor! Parecia uma flechada em mim. E de repente, a poeira e o silêncio. Inacreditável. 
Telefonemas para saber da minha irmã que mora lá. Ela estava a salvo junto com todos os amigos que conhecíamos. Um alivio imenso. 
Fiquei dias grudada na tv, ficava vendo aquelas cenas dos escombros e pensava, pra onde estão levando o meu prédio? Pra onde estão levando a vida que ele representava? 
O mundo nunca mais foi o mesmo. Ainda tenho a sensação que não saímos dos escombros daquele dia, ainda não conseguimos ser livres e felizes como eramos até então. Um pouco da nossa leveza se foi. Nasceu naquele dia a desconfiança sem limites, a porta fechada ao estranho, a descordialidade, a irracionalidade, o ódio sem medida. 
Aquele espaço parece me chamar. Voltei a NY e fui ver a enorme cicatriz deixada por aquele dia. Aquele buraco gigantesco me hipnotizou, o grande vazio que ele representava. Voltei ainda mais uma vez para ver o que estava nascendo. Ví o início da chamada reconstrução. Tantas energias depositadas num só lugar, tantos sentimentos. 
Espero voltar lá para ver que a vida voltou a florescer e que as pessoas podem finalmente respirar novamente, sem olhar desconfiadas por cima de seus ombros. Espero ver que o homem vai conseguir vencer o pior dos sentimentos e transformar a cicatriz em algo de bom. Vou marcar a viagem para logo, ainda dá tempo?

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dança das cadeiras

Meu filho é coxa, meu marido atleticano. Mas não foi sempre assim.

Minha família é coxa, a do meu marido também, ele foi o primeiro a ser do contra nessa história. Culpa do pai dele que não gostava muito de futebol então não levava o piá boleiro no estádio. Sobrou pra um tio que era atleticano, pronto, nascia à dissidência.

Em casa a história não foi assim, meu marido continua boleiro, joga e principalmente assiste muito futebol. E, para o meu desespero, passa futebol o tempo todo na televisão, já repararam? Além dos sensacionais jogos do campeonato brasileiro, podemos torcer pelos jogos dos campeonatos espanhol, francês, alemão, romeno, do Cazaquistão e até do Mali. E quando acaba a bola em campo, ufa, a gente pode se deliciar com os sensacionais programas sobre o futebol. A invenção do século são 90 minutos em campo, mas uma eternidade nas bancadas dos bate-bolas televisivos. Tenho a impressão que aquela dupla da ESPN é virtual, tão lá toda a hora que você liga a TV. Como podem ficar tanto tempo sentados numa bancada falando de 22 caras que correm atrás de uma bola!

Mas vamos voltar ao meu Atletiba particular. O Ben nasceu atleticano, com roupinha de bebê do time e tudo (tá certo que nunca usou, pois a mãe aqui tem certo horror a essas coisas). Cresceu na Baixada, foi mascote, teve até cadeira, com nome no campo, tudo como manda o figurino. Essa paixão durou 10 anos.

No nosso caso, a culpa daviracasaquice foi uma conjunção de fatores. O time tava muito ruim, vamos admitir, não ganhava nem par ou ímpar. A turma tava bem desanimada pela casa. Ninguém queria ir ao campo, o Ben sofria muuuuuito a cada derrota. Enquanto isso na torcida adversária, só alegrias. O Coxa tava invicto a não sei quantas partidas, e para completar o quadro, quase todos os amigos da escola eram Coxa. Quando digo quase é porque tinha mais um atleticano na escola toda, unzinho! A pressão foi subindo, subindo até um dia que meu filho teve a coragem de chegar pro pai e dizer: pai, acho que quero mudar de time, você vai ficar muito triste?

Ficou, é claro, mas fazer o quê? Por um lado eu, que nem gosto de futebol, fico triste por eles não partilharem mais uma coisa tão presente na vida dos dois. Eles não podem ir ao estádio juntos, não podem curtir os títulos (tá, tô falando dos nacionais, quando eles acontecem, a cada década). Não usam a mesma camisa...

Por outro lado é bacana porque eles convivem numa boa. Aprenderam a torcer na paz. Podem tirar sarro, mas é com moderação. Ninguém pode se exaltar muito na ofensa ao time adversário, tem que ter respeito. Afinal não dá pra ficar xingando o pai por ai.

 

sábado, 7 de setembro de 2013

Xícaras de açúcar

Você conhece o seu vizinho?
Como diz o meu pai, vizinho é o parente por parte de rua. É a pessoa que está mais perto de você, logo ali no corredor. Mas você sabe quem ele é?
Antigamente o vizinho era fundamental na vida das pessoas, ele cuidava da sua casa quando você não estava, regava suas plantas, cuidava de seus filhos se você tivesse que sair numa emergência. A confiança era total, a troca também, não só de xícaras de açúcar,  a troca era no quesito solidariedade.
Meus avós chegaram no Brasil com uma mão na frente e outra atrás e os vizinhos fizeram parte da sua história. Foram eles que ajudaram a minha avó a aprender a se comunicar, a se orientar pela região, a conhecer a nova vida que ela estava descobrindo. A comunidade israelita era quase toda vizinha nos idos da década de 30, isso também ajudava. Um ajudava o outro, numa rede de cuidados que foi responsável pela vinda dos parentes que fugiam da guerra da Europa.
Meus pais tiveram seis vizinhos nos 30 anos que moraram na mesma casa. Uma família na frente e dois pares de vizinhos que se revezaram nas casas ao lado. Bolos que passavam pelo muro, crianças que iam de uma casa para outra sem aviso nem campainhas. Assim foi a minha infância. Aprendi a comer pão com manteiga e açúcar no vizinho, nunca esqueci. O Taco, da casa à esquerda,  levava toda a criançada do bairro para expedições pela quadra.
A quadra, alias, era o nosso domínio e os vizinhos dessa área também eram todos conhecidos. Eu podia ir sozinha até a banquinha do seu Zé, lá na esquina de baixo. Quando ia na casa dos meus avós, podia ir de bicicleta até a entrada do estacionamento, quatro casas além. E quem controlava era o vizinho, não meu avô.
Hoje em dia, nos apartamentos,  essa relação é bem diferente, ninguém conhece ninguém, mal se falam no elevador. Ninguém conhece a casa do outro.
Tenho a sorte de morar num prédio legal. O pessoal se organiza pra fazer encontros  e jantares com os moradores. Como tem dois blocos, confesso que não conheço bem muitos do 01, mas a turma do 02 é bem simpática. Ovos e produtos de limpeza vivem passeando no elevador, as crianças também. Tem conversa na porta do elevador, tem carro novo que vai parar na sua vaga por que a vizinha não consegue colocar na dela. Tem vizinha que passeia o cachorro do outro. Temos espaço pra pequenas gentilezas, o que é fundamental pro convívio.
Por isso, na próxima vez que você entrar no elevador, quebre o gelo, conheça seu vizinho, você pode se surpreender com a amizade que pode estar escondida na porta ao lado.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Tempos modernos

Tenho a nítida mpressão que o tempo está cada vez mais acelerado. Um ano hoje em dia deve ter no máximo, 324 dias, por que ele passa muito rápido!!! Como pode que já estamos em setembro? O reveillon foi ontem, o que aconteceu com abril? Onde foram parar as férias? Agosto já terminou?
Essa correria que a gente vive definitivamente mexeu no metabolismo do tempo. Lembra aquela cena do filme Superman ( o de 78, claro) que ele faz o mundo girar? Acho que todos nós estamos fazendo isso. Nossa correria fez o mundo correr junto. Que pena!!!
Não temos mais domínio sobre o tempo. Não temos tempo pra nada. Só escuto e sinto isso. O tempo tomou conta da situação, o relógio é o grande vilão e patrão. Voce tem que fazer isso até tal hora, tem reunião às quatro, tem vinte minutos pra chegar lá, tem que buscar fulano às seis!
Ninguém tem tempo de almoçar em paz, com calma, conversando. São dois minutos pra salada e duas mastigadas pro resto, de pé, correndo....não dá tempo de ir nem no banheiro! 
Quanto mais velhos ficamos, mais nossa relação com o tempo muda. Acho que essa história de crise dos 40 ( ou 50, 60) tem a ver com isso. Pra mim foi, cruel, essa constatação do tempo. O tempo passou, quanto tempo ainda tenho?
Quanto mais jovens, menos percepção desse processo, afinal temos todo o tempo do mundo! Aos 40 o bicho pega. Já joguei o primeiro tempo!!! Nossa!!! Passou tão rápido!! Acredito que aí começa uma correria interna, pra fazer valer o tempo que virá.
Quem sabe o segredo seja retomar o tempo, reconquistar o tempo de ter tempo! Ser o super homem que faz o mundo girar mais devagar. Curtir o tempo, usar o tempo, aproveitar.
Quero ter tempo pra fazer as coisas com mais atenção, com mais cuidado. Quero sentir o tempo. Tem tanta coisa boa pra se fazer com ele. 
Mas agora, nesse momento, o tempo me chama e lá vou eu, obediente.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Shaná tova

O ano novo judaico, Rosh Hashaná, que começamos a celebrar hoje é cheio de significados e tradições.
É o momento de repensarmos no ano que passou, relembrarmos as coisas importantes que aconteceram, revermos nossas ações. Tudo isso numa reflexão profunda que culmina com o Dia do Perdão, Yom Kipur, daqui há dez dias, quando realmente o bicho pega.
É um tempo de agradecer. Agradecer toda essa vida feliz que às vezes a gente esquece que tem. Mesmo com todas as mazelas, e elas podem ser muitas, a gente sempre pode parar e ver que o que temos é geralmente mais do que precisamos, que nossa vida é um presente e que as alegrias estão em toda a parte se a gente se der o trabalho de simplesmente percebê-las.
Particularmente, Rosh Hashaná tem tudo a ver com a família. A família estendida, com pais, filhos, tios e primos, agregados, barulho, animação. Ainda procuro (e às vezes até vejo) meus avós quando entro na sinagoga, mesmo passados 20 anos da sua morte. Sentamos todos juntos, eu e minhas tias e primas de um lado e os homens da família do outro, como é o costume aqui. Rezamos, rimos e nos emocionamos juntos. Comemos juntos e até criamos nossas próprias tradições. Não existe Rosh Hashaná sem Fogo Paulista, nem Yom Kipur sem chocolate quente, mas isso você não achará em livro algum, é nosso, particular, sagrado!
Todos os rituais: a roupa nova, os sons de algumas rezas que levam dias pra sair da cabeça, a espera e a emoção do toque do Shofar, os pedidos, tudo isso marcado na nossa vida, cheios de memórias.
Mas, Rosh Hashaná é um tempo de desejar. Às vezes é o cura de uma pessoa querida, a volta de quem está longe, a viagem desejada, um novo recomeço. Mas, sobretudo, desejar o bem, a saúde, a paz, as coisas boas. Desejar pra si e principalmente ao amigo, ao próximo, ao mundo.
Então, que esse ano novo que se inicie chegue brando e repleto de paz. Que nos traga a todos o que mais queremos. Que nos embale como um carinho, suave e confortante. Que sejamos todos felizes. Shaná Tová!!!

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Aventuras na Fervida

Meu pai queria muito, minha mãe nem pensar. Foram meses de discussão até que chegaram a um acordo. Até hoje me pergunto quantas promessas e favores ele teve que cumprir em troca do pedacinho de terra lá pelas bandas de Colombo. 
A chacrinha foi comprada em sociedade com o compadre Maurício. A comadre Clarissa deve ter ganho outras tantas promessas também. E assim nascia a saga da Fervida.
Era uma chacrinha pequeninha, cortada ao meio pela Estrada da Fervida. De um lado uma casa polaca e um riachinho sem vergonha. Do outro, um parreiral e a casa do caseiro. Do resto, pura diversão.
A primeira obra da chácara foi a churrasqueira: cinco tijolinhos aqui, outros seis ali, uma grelha e pronto. A mesa vinha da cozinha, bancos e banquinhos de palhinha sem encosto completavam a decoração.
A segunda obra,  mais ambiciosa, foi fazer uma barragem pra gente ter um....como direi....ah, uma água pra gente chamar de lago. Bem depois, um deck. Aí começou a ficar chique.
Mas o que a chacrinha tinha de melhor era a farra. Começava sempre, impreterivelmente, com o mau humor das mães que tinham que providenciar tudo para o churrasco. Fora nós, os anfitriões, tia Regina, tio Moa, Tio Helio, Tia Clarinha, Tia Siomara e Tio Ronaldo eram os convidados quase fixos. Ai a coisa ficava boa, a gente juntava, no mínimo, 12 crianças!!!!!
Tinha uma banheira linda e um fogão à lenha na casa. Nunca vi ninguém usar nenhum dos dois. Aliás mal entrávamos na casa, tudo acontecia do lado de fora e o programa preferido era jogar conversa fora. Lembro com carinho da mesa dos adultos sempre rindo. Eram todos jovens, acredito que na casa dos 40 e 50. Às vezes, quando as mulheres iam lavar a louça, os pais até nos desafiavam pra uma partida de vôlei no campinho do outro lado da casa. Mas eles gostavam mesmo era de conversar e como nós, crianças, tínhamos programação independente, podiam ficar à toa a tarde toda. 
E como a gente aprontava. Nosso cardápio era muito maior que as linguiças e a carnes. A gente se divertia muito. O programa preferido era ver o olho d'água do vizinho, de onde a água brotava quente, dai o nome da estradinha. Dalí, partíamos para o tradicionalíssimo Campeonato de Garrafa, quando cada um jogava uma  garrafa no rio e ia acompanhando, com muita torcida, pra ver qual chegava antes no lago. Em dias quentes, banho gelado. Tinha até uma corda pra se balançar e se jogar na água gritando Jerônimo!!!!. Nos dias frios, expedições pelas matas e pelo parreiral que escondia o Chateau Lerner Brik nunca produzido. Tudo devidamente documentado pelo tio Maurício. 
Hoje, segundo o André (filho do compadre) que esteve por aquelas bandas, está tudo bem mudado. Nós, as crianças, estamos nos nosso 40 e 50, mas sabemos que vivemos a melhor safra da Fervida. 


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Lorena

Hoje e dia da Lore!
Me desculpe quem não conheceu a Lorena mas hoje o texto é pra ela.
Conheci a Lore a vida inteira, desde o maternal, mas foi numa viagem, a gente com treze quatorze anos, que a amizade explodiu. Isso mesmo, foi como fogos de artifícios. A gente se achou nesse mundo tão complicado da adolescência. Quem teve quinze anos sabe do que estou falando. De repente você acha uma pessoa que vira o seu tudo. É pra ela que você conta suas histórias, chora suas mágoas, divide o último pedaço do bolo que você mais gosta, da as melhores risadas, conta seus segredos, troca suas roupas, ouve suas queixas, escuta seus concelhos pede sua aprovação, mostra seu verdadeiro eu. Espero muito que você tenha tido uma Lorena na sua vida.
A gente era um grude total por mais de quatro anos. Saía do colégio, chegava em casa e já ligava uma pra outra. Quarenta e cinco minutos fáceis de se gastar, a irmã gritando na extensão, desliga logo! Nos finais de semana a Lore vinha pra minha casa na sexta e só saía, muito a contragosto, no domingo. Essas noites eu guardo como um tesouro no lugar mais sagrado. Consigo ver a gente rindo e conversando até o sol raiar. Lembro da cara dela quando tinha algo especial pra dizer. Pura emoção. E a gente andava de expresso, cruzava a cidade pra ir de casa em casa. Os lanches na copa da casa dela antes de ir pro movimento juvenil, palco maior dessa amizade. Muitas histórias, muitos lugares que até hoje me levam direto pra essa saudade.
Tive sempre a sensação que tinha prioridade sobre ela nessa época, era a MINHA melhor amigo e tinha um ciúmes imenso dela. Mas acho que o dom maior da Lore era fazer todo mundo se sentir único, especial, próximo. Ela era muito amiga de todo mundo, sabia acomodar todo mundo, dava atenção pra todo mundo.
Quando falo da Lorena geralmente acabo falando muito de mim. Acho que é porque ela deixou muitas marcas e eu carrego muito dela comigo. Talvez porque a gente fosse quase uma pessoa só, a loira e a morena; a atleta e a bailarina; a sentimental e a racional; a sensata e a carente. E às vezes a gente trocava muito de papel nessa amizade tão próxima.
Hoje vejo meus filhos nessa idade e fico procurando as Lorenas deles. Fico esperando ver a cumplicidade, a confiança cega e o amor que essas amizades trazem consigo. Desejo muito isso pra eles.
Perdi a minha Lore muito cedo. Cedo que dói. Porém as memórias e esse amor imenso eu não troco por nada, só por ter ela de volta!

domingo, 1 de setembro de 2013

Hoje é domingo, pede cachimbo....

Domingo é um daqueles dias curiosos e cheio de dualidades.
Por um lado, é fim de semana, tem que aproveita! Se tiver sol então é quase um crime não pular da cama. É quase uma obrigação,  tem que ir no parque , andar de bicicleta, fazer churrasco, essas coisas tão domingueiras.
Por outro lado  teve a balada de sábado, borá dormir até as 2 a tarde, pular o almoço e ir direto pra janta. Nem abra a cortina porque o sol vai te dar aquela culpa de não fazer as atividades solares citadas acima.
Domingo,  dia de juntar a família no almoço, mesa grande e animada. Os primos, a criançada jogando bola na chácara, cada um leva uma sobremesa, aquele sono no meio da tarde, cochilo no sofá.
Mas pode ser a espera gigante no restaurante, a barulheira do filho dos outros, os outros que tão mais de uma hora atrasados, quem foi mesmo que escolheu esse lugar?
Pode rolar um cineminha, pipoca doce e salgada misturada no pacote, risadas ou lágrimas dependendo do clima. 
Mas pode ser que a sessão esteja lotada, restou aquele filme dublado, ó azar! Pipoca velha e gente conversando bem atrás de você o filme chato todo.
Pode ter um sorvete na pra no meio da tarde, um cafezinho, um amigo que tem uma coisa pra te contar.
Pode ter plantão no escritório, pode ter aquela sensação de contar as horas pro turno acabar, ainda são só 4:30?
Pode ter uma tradição, passar na casa do fulano que reúne toda a turma todo domingo, a casa da vó, a comida preferida de cada um da familia. O cheirinho já no corredor do prédio.
Pode ter esporte, o campeonato do filho, a apresentação da filha. Pode ter jogo, pode rolar uma cadeira cativa no campo, o time pode ganhar! Golaço!
Mas não ia passar na televisão? O juíz não viu o pênalti ? Vão roubar de novo? Vamos mudar de canal que o Galvão tá irritante e quem sabe dê mais sorte!
E tem ainda a chance de rolar um aniversário de um amigo, conversa boa e boas risadas o dia todo em volta de uma mesa gostosa.
Mas pode ser um buffet infantil, a galinha pintadinha no último volume.....
Pode ter uma janta tranqüila, aquela receita que você queria tentar faz tempo, um vinho pra acompanhar, descobrir que ai passar aquele filme na TV a cabo, oba!
Mas pode ser a pizza  que foi pedida há quarenta minutos e não chega, as lições que os filhos " esqueceram"  de fazer, a lembrança de tudo que você tem que fazer na senana que começa, o Faustão....
E pode ser tudo isso misturado, como todo bom domingo!!