quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Amanheci de luto

Ontem foi um dia triste. Ontem foi o dia do anuncio que o congresso deu seu aval a abertura de um possível processo de impeachment da presidente Dilma.
Não me entendam mal, não sou nem a favor nem contra o impeachment em si, não votei na Dilma e não sou militante do PT ou de qualquer outro partido de direita, centro ou esquerda. Minha tristeza reflete a pobreza moral que nos encontramos, onde o próprio impeachment virou uma das negociações mais podres que esse país já viu, um governo por um cargo. Você não conta os meus pecados, eu abafo os seus. 
Viver em um país onde precisamos chegar a um impeachment é muito triste! É chegar ao fundo do poço, ao descrédito total de pessoas e instituições que deveriam estar acima de qualquer suspeita. Não são. Nossos lideres são torpes, nossos poderes são risíveis, nossos santos são de barro. 
Essa barganha que antecedeu ao golpe final de ontem foi sem precedentes. Assim como a prisão de um senador em pleno mandato. Igualmente triste. Não a prisão, mas o fato de termos esse tipo de senador, esse tipo de gente nas mais altas esferas do poder. Gente vil, gente mesquinha, gente tacanha, gente má, que transforma qualquer sonho de um país real e decente numa quimera. 
Amanheci de luto, pelo nosso governo, pelo nosso desgoverno, pela nossa mediocridade, pelo nosso desfortúnio, pelo escárnio, por essa ambição desenfreada, pelo mal caratismo que domina o planalto central do país. 

Espero que o luto represente a morte de todas essas coisas, espero que um dia a gente consiga mesmo matar, destruir, aniquilar esse moto contínuo que é a politica brasileira. Espero que esse luto anteceda o renascimento de algo bom, algo no mínimo decente.  Por enquanto, vou chorar minhas vergonhas, meu pesar por esse trágico cenário de hipocrisia e negociatas, Vou chorar por uma presidenta e por um senador que não me representam, Vou chorar pelo país que não precisávamos ser. Que o tempo me conceda conforto e alento.

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