segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Alô, alô? Alguém ai?

Todo dia, durante a batalha que travo com meus filhos para que desliguem o celular e vão dormir eu me pergunto? Onde estão as outras mães?  Cade as mães desses amigos que estão do outro lado do Whatsapp até tarde da noite que não estão mandando seus filhos desligarem também? Será que estou sozinha nessa luta inglória?
Quem tem filho adolescente em casa está vivendo uma nova era na educação dos filhos. A guerra diária de traze-los para a vida real.  Pais sempre travaram lutas contra inimigos reais ou imaginários, o rock´n´roll dos anos 60, a liberação sexual dos anos 70, a tv dos anos 80, o videogame dos anos 90. Mas nunca antes na história desse mundo, tivemos um tão poderoso. Um mundo inteiro! Digital! Mundo no sentido pleno da palavra, da grandeza, das possibilidades, da própria existência.
Meus filhos se relacionam com o mundo ( o meu, o real) de uma forma diferente do que eu. Eu tento muito me relacionar com o mundo deles ( o digital). É um novo conflito muito mais complexo do que o gosto por Frank Sinatra contra Led Zepelin. Eles vivem de verdade em outro mundo.
Minha geração é talvez a última a ter vivido no mundo pré tecnologia. Usamos a tecnologia agora, mas nossa formação, nossa adolescência foi fundeada em livros físicos e cinemas de rua, ônibus e andar na rua,  escola e ballet (ou futebol, natação...), papel almaço e Barsa e telefone com fio. Um mundo muito concreto.
Tenho medo por eles pois a realidade em muitos momentos perde para esse mundo rápido, instantâneo e multifocado que está ao alcance dos dedos. Tenho medo desse mudo photoshopado em que todo mundo curte tudo. A vida não é assim.
E tenho pena deles perderem coisas sem correspondência nesse mundo estéril da nuvem. O abraço. O olhar de cumplicidade do melhor amigo. O calor. A energia. A vida aqui e agora, sem filtro, sem tela, sem platéia. O eu.
Como fazê-los viver num equilíbrio saudável entre esses dois mundos tão diferentes? Como entender essas mudanças tão profundas e não ficar pra trás? Como participar desse mundo novo? Quem sabe eles me ensinem. Quem sabe a gente aprenda junto.
Por garantia, ainda mando desligar o telefone às 9 pra poder dar meu beijo de boa noite!

Nenhum comentário:

Postar um comentário