segunda-feira, 22 de junho de 2015

Maestro, qual é a música?

Temos certas regras no meu carro, a primeira é que não pode celular, Não sou um taxi, quero a atenção dos passageiros, quero conversar, ainda que a contragosto, com os filhos. Quero saber das novidades, como foi a prova, coisas de mãe. Confesso que é difícil e às vezes sou a primeira a burlar a regra, mas ela existe e nos vamos aos trancos e barrancos tentando cumprí-la.
A segunda é tão polêmica quanto. Eu escolho as musicas que ouvimos, para o desespero das crianças, principalmente da minha dj de treze anos. Uma coisa não mudou com o passar das gerações: assim que a gente entra no carro, antes mesmo da segunda perna se acomodar do lado de dentro já escuto o "liga o rádio!" Parece um eco de mim mesma na mesma idade, mesma frase gritada antes da porta fechar. Já o gosto musical....quanta diferença.
Sem querer entrar no mérito do que é bom ou não, esse molecada tem um gosto bem diferente do que a gente tinha na idade deles. na minha época rock, pop e MPB eram o triunvirato do meu pódio musical. Hoje entraram outros ritmos e outras vertentes no cardápio. Podemos dizer que quem manda agora é o funk, sertanejo universitario e o pop infanto-junvenil. Selenas, Mileys, Glee, Anittas, Jorges e Matheus, são os reis do dial.
Por isso a regra. Essa geração vive sintonizada, com fone no ouvido 24 horas por dia, ouvindo e vendo clips enquanto deveriam ou poderiam estar fazendo o que a gente gostaria que eles fizessem, isto é, estar lendo e estudando. Como não tenho controle nenhum sobre a trilha sonora da vida deles em 80 por cento do tempo, no carro mando eu! Afinal educação também se expressa num bom solo de guitarra e em versos imortais.
Não quero que meus filhos passem a vida sem conhecer os Stones, Beatles, U2, Police, Yes, Talking Heads, Inxx, Genesis, Lynyrd Skynyrd, Marilion, Supertramp, The Doors e tantas outras bandas que marcaram não só a minha vida mas a historia da musica em si. A dramaticidade do Queen, por exemplo, garantiu seu posto no gosto da criançada. Ninguém ouve Bohemian Rapshody em pune.  Também não pode haver um mundo sem que se dance ao som do Prince, Abba, Michael Jackson, Eath Wind and Fire, Donna Summer, Bee Gees, Village People, Bonney M e toda a doideira dos anos 70 e 80. Eles tem que conhecer Aretha, Dinah, Billie, Sarah e Simone. É meu dever supremo. Tem que ouvir Smokey Robinson, James Brown, Miles Davis e sua turma. E misturar o pop de Elvis Costelo, Madona, Rod Steward, Leny Kravitz, Lou Reed com o folk do America, James Taylor, Cat Stevens e  Peter Paul and Mary. Carpenters e Elton John. Bob Marley, Jimmy Cliff, Maxie Priest com  Keith Jarret e Pat Matheny.. E não ha vida inteligente sem os absolutos Frank Sinatra, Tonny Bnnet e claro Elvis Presley himself.
O mais complicado, porém, é a MPB, A turma esta cada vez mais longe de Vinícius, Toquinho,  Chico, Caetano, Gil, Djavan, Gal, Maria Bethânia. Parece que essa turma ficou congelada num tempo passado, às vezes até pra mim. Nem minha paixão por Elis, garantiu seu lugar no gosto das crianças que só conseguem se relacionar melhor com o suingue do Tim Maia, do Jorge Benjor e do Lulu Santos. Tudo que é em português apresenta mais resistência.
Meu gosto eclético fez com que eles pelo menos passem os ouvidos uma vez por quase tudo que eu ouvi na minha vida inteira, incluindo aí os 6 cd da caixa Discoteca do Chacrinha que tem pérolas como I wanna to go back to Bahia que cantamos alto, juntos. Fagner, Belchior, Mutantes, Novos Baianos, os matutos do Grande Encontro, Luiz Melodia, 14 Bis, Adriana Calcanhoto e a Partimpim, Simone, Marisa Monte, Roberto e Erasmo, os mineiros do Clube da Esquina, Sá e Guarabyra, Cartola, Kleiton e Kledir, Secos e Molhados, Gonzaguinha, Marina, João Bosco, Raul Seixas. Oswaldo Montenegro e toda a Bossa Nova, absolutamente  todos. Barão, Ultrage a Rigor, Titãs, Legião, Paralamas, Kid Abelha, Cassia Eller, Rita Lee, Claudio Zolli e Gang Noventa e as Absurdetes, Apulinho Moska ainda no João penca e os Miquinhos Amestrados,
A lista não tem fim, Os mais novos eles conhecem, já haviam nascido com Lenine, Charlie Brow Jr, Ana Carolina, David Guetta, Ivete Sangalo,  Ben Harper, o Rappa,  Radiohead e muita gente boa. A curiosidade, espero, vai levá-los a becos diferentes do mainstream comercial, dos bailes funks pankadão e do universos das duplas que proliferam como banana na serra. Alguns desses artistas que eles gostam e eu não tem até o seu valor. Consigo ouvir uma ou outra coisa do NX Zero e adoro a musica Somebody that I used to know que canto a plenos pulmões apesar dos protestos da filha.
Porém, me sinto na obrigação mesmo é de pelo menos apresentá-los a toda essa gente que me fez tão feliz e que são esnobados pela grande maioria das rádios. Espero que achem um amor pra dedicar qualquer coisa do Cole Porter, e que não sofram como em a Jura Secreta.  Que se divirtam com a Blitz e fechem a pista com Fredom 90. Que abram a cabeça, os ouvidos e o coração, afinal musica boa não tem gênero, nem idade, nem nada. Aumenta o som!


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