quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Adolescendo

Acabo de deixar meu filho de 16 anos sozinho na praia com outros três amigos. Primeira vez! Vão ficar lá cinco dias. Na mala, poucas roupas, macarrão e uma alegria que era difícil despistar. 
A ideia foi minha, achei que já estava mais do que na hora de um rapazote dessa idade começar a sair da minha saia. E Caioba é ali do lado, balneário minúsculo de praia, cheio de conhecidos, situação ideal. 
Fiz isso de monte, até mais jovem, nos tempos de calmaria que tive a sorte de viver na minha adolescência. Pegava o saco de dormir, duas amigas e uma passagem da Viação Graciosa e sentia a mesma alegria que vi no rosto dele. 
Mudaram os tempos, claro, mas a adolescência é igual pra todo mundo. Aquele desejo de independência, de estar só com os amigos, fazer muita farra. Todas as possibilidades da vida ali na sua frente.
Sou uma mãe super tranquila, geralmente não penso no pior que pode acontecer em cada movimento que os filhos fazem. Acho que viver assim deve ser muito difícil. Acabo fazendo tudo meio na louca, sem pensar muito nesses medos tão comuns (e verdadeiros) que as outras mães têm. Simplesmente vim ao mundo sem esse gen, defeito meu. Ainda bem!  Senão meus filhos teriam uma vida muito chata e fechada. Ainda acredito que o mundo conspira para o bem.
O fato é que poder ser dono do próprio nariz por cinco dias que sejam, na idade dele, é uma sensação que não pode ser sufocada pelos meus medos. Minhas poucas recomendações foram: só saírem juntos, se cuidar no mar, comer em lugares de confiança, deixar o celular carregado e com som e arrumar a casa pra quando eu chegar pra fazer o frete de volta no domingo.
Começar a ter essas experiências é fundamental pra que ele cresça em todos os sentidos. Vai ter que se virar pra comer, nem que seja miojo às cinco da manhã. Vai ter que lavar louca se quiser ter onde colocar o miojo. Vai ter que esvaziar o lixo. Vai ter que fazer escolhas pra fazer a grana que eu dei render até o fim. Vai ter que arrumar a cama, ou não, escolha dele. Vai ter que esperar na fila do banheiro. Vai ter que passar protetor, ou torrar. Vai ter que se virar pra ir pra Guaratuba sem carro. Vai dar muita risada com a turma. Vai curtir o gostinho tão bom da liberdade.

Só consigo pensar nas coisas boas que essa viagem vai ser. Pena que eu vou estragar tudo quando aparecer por lá. 

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