quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O meu conto de Natal

Chegou o Natal!!! Época mágica para todos, será?
Minha primeira lembrança do Natal é não ter Natal! Calma, vou explicar. Sou descendente de uma família judia e, portanto, não celebramos o Natal. Isso pode ser uma coisa bem complicada de explicar para uma criança pequena, sobretudo uma criança brasileira, onde o natal é praticamente uma instituição. Tudo e todos, desde outubro, começam a pensar e falar do Natal. 
Por isso meus pais tiveram que criar um contexto todo novo para que eu e minha irmã não nos sentíssemos tristes e deslocadas, afinal só a gente não ia decorar a casa, não ia ter festa e o pior, não iria ganhar presentes no dia 24! Então criamos os nossos próprios rituais de Natal.
O preferido era sair de carro pela cidade, no dia 24 à noite, para ver as decorações da cidade e para o grande Campeonato de Contagem de Pinheirinhos. As decorações da Hermes Macedo eram as mais aguardadas, tanto a da loja na Rua Barão (do Cerro Azul) quanto da casa da família, na Av. Batel, lindas! Os pinheirinhos em questão eram as árvores das casas cheias de lâmpadas coloridas num mundo pré pisca-pisca que forram as casas de hoje. Era tudo mais simples e não por isso menos comovente. Até hoje sinto saudades dos pinheirinhos feitos nos postes de luz das principais praças na década de 80.
Fui crescendo e entendendo todo o contexto religioso do Natal. Nessa época, nossa família foi adotada pelos Grecas que faziam um dos Natais mais lindos que se pode imaginar. A chácara da família, toda decorada, a mesa maravilhosa e o carinho das tias (Loli, Chiquita, Mafalda e Terezinha) faziam a experiência do Natal realmente acontecer. Você podia sentir o espírito do Natal acontecendo por lá. Pelo menos o que o Natal representava para mim.
E assim foram anos, e fui adotada por diversas famílias que tiveram o carinho e a generosidade de me receber em suas casas, judia errante que era. Tia “Chinesa”, Tia Silvia e Tio Arlineu, todos eles sempre representarão pra mim o que essa festa tem de mais lindo, o amor, a família reunida, o aconchego.
Hoje tenho finalmente o meu Natal. Na casa dos Hoffmann onde fui recebida como filha há mais de duas décadas. Tenho a honra e a sorte de poder montar com a minha sogra Elisete o pinheirinho que nunca tive quando criança. Tenho o prazer de encher o carro de presentes pra essa família tão querida. Esse Natal é grande, barulhento, como deve ser. Minha sogra sempre faz questão de que tenha seu momento de oração. É um Natal que reúne os primos de fora, os agregados, as famílias dos agregados e às vezes acolhe quem estiver errante por ai, como um dia eu fui. É uma lição para os meus filhos. Eles ainda não tem a árvore, as luzinhas e os presentes em casa, mas tem a sorte de vivenciar o Natal em sua plenitude da casa da avó.

Portanto, pra quem não tinha Natal, vivi sempre o melhor dele. Posso então dizer que o Natal é sim mágico para todos, independente da sua fé religiosa. O Natal é sobre o amor que junta, acolhe, agrega, seja você quem for! Feliz natal pra todos!

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