segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Do começo começado

Deixando meu filho na aula particular de português, fiquei pensando em como as letras fizeram parte da minha vida. Tive duas grandes paixões desde muito pequena: a dança e os livros. Quando não estava piruetando e sapateando por aí, estava sempre afundada em livros de todos os tamanhos e assuntos. De Shogum a Raízes, sem esquecer do Artur da Távola e Richard Bach, ícones da literatura dos adolescentes da minha época. Também sempre amei escrever. São diários imensos, bilhetes quilométricos aos amigos, cartas e textos imperfeitos espalhados pela vida afora.
A dança, infelizmente, foi minguando entre bolhas e muita tristeza. Os livros, felizmente, estão em toda a minha volta: tenho um no carro, vários na cabeceira, no Ipod, Ipad, em listas dos que quero comprar, dentro da minha cabeça e sobretudo no coração. Bailarina não fui, eis-me jornalista com registro no DRT e tudo desde o século passado.
E vendo meu filho hoje, lembrei de como fui sortuda pois em toda a minha vida escolar tive grandes professores de português que foram fundamentais para que eu achasse o meu caminho. Na Escola Israelita (meu fundamental) foi a Deucélia, ou Psorinha. Não tinha mais de 1, 40 m de altura mas via longe e foi a primeira a dizer: "você leva jeito pra coisa, vai ser jornalista". No Dom Bosco (meu ensino médio) foi o Elizomero que nos marcou muito mais pela sua doçura do que por crases e vírgulas. 
Corta pra fila do banco, ficha de inscrição do vestibular na mão, única questão em branco: curso. De repente me veio a certeza profetizada pela Psorinha e reforçada pela delicadeza do Elizomero, amo ler e escrever, x no quadrinho JORNALISMO.
Na faculdade, meu maior prazer eram as aulas de português com o Cristovão Tezza que nos ensinava que a linguagem era bem mais que um conjunto de regras gramaticais, era emoção. Era uma inspiração. Mesmo porque eu nunca soube, decorei ou segui essas regras. Sou e continuo uma semi analfabeta gramatical.
E volto ao meu filho, alias meus filhos, em seus mundos de palavras cifradas das redes sociais, jogos e gadgets que "curtem" de montão.  Fico pensando em quando eles vão ler "de verdade". Quando eles vão descobrir esse mundo de idéias e sensações que me faziam rir, chorar e me arrepiar vivendo as grandes aventuras que li.
Tenho uma profunda necessidade de ser profunda, sofro muito vendo essa vida tão superficial que nos circula hoje. Sofro com esses adultos eternamente adolescentes que não crescem nunca.
Esses dias, ouvi o Mario Vargas Llosa falando sobre a importância do ensino das humanidades (literatura, filosofia, artes) tão negligenciadas em nossa vida escolar, sobretudo no ensino médio e no superior. Lindo o que ele disse. Só sei que me deu vontade de ler cada vez mais, ter novas ideias e de voltar a escrever. Assim nasceu esse blog. Quem sabe agora eu consiga realizar o sonho daquela bailarina. 


2 comentários:

  1. Mil vivas para o nascimento deste blog! Vou ler todos os textos, com a mesma alegria com que lia (e respondia!)todas as tuas longas cartas. E esperar por novos posts com a mesma ansiedade da espera por mais bilhetes surpresa, deixados no penal na hora do recreio. Eu tive um blog. Está lá, abandonado, em algum lugar desta imensidão que é a web, pobre coitado... Sei que você vai ser mais persistente do que eu. Então, pode emitir a carteirinha de n.1 e escrever lá o meu nome. E se precisar de uma foto, avise: mando uma bem boa dos nossos tempos de bailarinas! beijos, com amor aquariano.

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