segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Quem foi pra Portugal....parte II, a constatação!

Estive em Portugal no começo do ano. Viagem maravilhosa com a família toda e que descrevi no post Quem foi pra Portugal....parte I, a família!
Porém, ao longo dos dias que estive por lá, alguma coisa estava me incomodando, ou melhor, alguma coisa me chamava a atenção, me causava um certo estranhamento mas eu não conseguia definir direito o que era.
Era alguma coisa a ver com o que eu estava vendo. Na verdade, parecia que algo me faltava aos olhos, algo que estava faltando na paisagem.
Fiquei com essa sensação o tempo todo, indefinível, até que um dia, quando a gente estava andando num dos bondinhos da cidade, misturados aos Lisboetas que iam pro trabalho, pra escola, me deu um estalo: achei o que faltava!
O que me faltava aos olhos era a erotização que a gente está sujeito diariamente no Brasil. Eu estava sentindo a falta, visualmente, daquela imensidão de decotes e vestidos justos, de saltos meia pata, maquiagens carregadas, de peitos enormes que nos são bombardeados o tempo todo, na rua, na tv, no shopping, na vida. 
Parecia que eu estava em outro planeta, o planeta das pessoas normais, o planeta das pessoas sem tinta no cabelo, dos corpos naturais (para o bem e para o mal), de traços imperfeitos. Durante toda a viagem, cerca de uma semana, não vi uma chapinha!!! Não vi nenhum microvestido!!!! Vi pessoas confortáveis em seus corpos, e isso foi extremamente reconfortante! Nada daquela imensidão de pessoas idênticas, com o mesmo botox, o mesmo cabelo, a mesma plástica reparadora e a mesma roupa justíssima!
Essa experiência de não ser assolado pela erotização e a valorização do corpo foi incrível. Refrescante. Pode parecer bobagem mas pra mim foi uma experiência física, eu literalmente descancei a vista de tudo isso. 
Aí a gente consegue entender porque os gringos ficam loucos quando chegam no Brasil. Essa macro exposição que existe por aqui deve ser enlouquecedora para eles. Aí a gente começa a perceber ao que nós somos expostos o tempo todo. Pra mim, é um pouco assustador. Esses dias eu fui numa festa. No caminho vi uma trabalhadora das calçadas e juro que a roupa dela era muito mais decente do que a das moças da alta sociedade que estavam na festa. Juro!
Não sou moralista, mas fico de cara com a velocidade das mudança dos padrões que a gente está vendo por aqui. Penso no que fazer com meus filhos, já crescidos nessa nova realidade onde um cinto é praticamente uma saia. Fico pensando em como traduzir isso pra eles sem preconceitos mas também com certo cuidado. O corpo da gente é pra gente. Tem que ter vaidade mas o principal é ter saúde. Tem que ter forma, mas principalmente, conteúdo. Tem que ter o belo, mas tem que se ter respeito.
Espero realmente que eles optem por uma opção mais Portuguesa, com certeza. 



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