terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dança das cadeiras

Meu filho é coxa, meu marido atleticano. Mas não foi sempre assim.

Minha família é coxa, a do meu marido também, ele foi o primeiro a ser do contra nessa história. Culpa do pai dele que não gostava muito de futebol então não levava o piá boleiro no estádio. Sobrou pra um tio que era atleticano, pronto, nascia à dissidência.

Em casa a história não foi assim, meu marido continua boleiro, joga e principalmente assiste muito futebol. E, para o meu desespero, passa futebol o tempo todo na televisão, já repararam? Além dos sensacionais jogos do campeonato brasileiro, podemos torcer pelos jogos dos campeonatos espanhol, francês, alemão, romeno, do Cazaquistão e até do Mali. E quando acaba a bola em campo, ufa, a gente pode se deliciar com os sensacionais programas sobre o futebol. A invenção do século são 90 minutos em campo, mas uma eternidade nas bancadas dos bate-bolas televisivos. Tenho a impressão que aquela dupla da ESPN é virtual, tão lá toda a hora que você liga a TV. Como podem ficar tanto tempo sentados numa bancada falando de 22 caras que correm atrás de uma bola!

Mas vamos voltar ao meu Atletiba particular. O Ben nasceu atleticano, com roupinha de bebê do time e tudo (tá certo que nunca usou, pois a mãe aqui tem certo horror a essas coisas). Cresceu na Baixada, foi mascote, teve até cadeira, com nome no campo, tudo como manda o figurino. Essa paixão durou 10 anos.

No nosso caso, a culpa daviracasaquice foi uma conjunção de fatores. O time tava muito ruim, vamos admitir, não ganhava nem par ou ímpar. A turma tava bem desanimada pela casa. Ninguém queria ir ao campo, o Ben sofria muuuuuito a cada derrota. Enquanto isso na torcida adversária, só alegrias. O Coxa tava invicto a não sei quantas partidas, e para completar o quadro, quase todos os amigos da escola eram Coxa. Quando digo quase é porque tinha mais um atleticano na escola toda, unzinho! A pressão foi subindo, subindo até um dia que meu filho teve a coragem de chegar pro pai e dizer: pai, acho que quero mudar de time, você vai ficar muito triste?

Ficou, é claro, mas fazer o quê? Por um lado eu, que nem gosto de futebol, fico triste por eles não partilharem mais uma coisa tão presente na vida dos dois. Eles não podem ir ao estádio juntos, não podem curtir os títulos (tá, tô falando dos nacionais, quando eles acontecem, a cada década). Não usam a mesma camisa...

Por outro lado é bacana porque eles convivem numa boa. Aprenderam a torcer na paz. Podem tirar sarro, mas é com moderação. Ninguém pode se exaltar muito na ofensa ao time adversário, tem que ter respeito. Afinal não dá pra ficar xingando o pai por ai.

 

2 comentários: