domingo, 22 de setembro de 2013

Choque de gerações

Meus filhos estão entrando na famigerada adolescência. É uma transformação total das nossas relações. De repente,  não mais que de repente, ficamos velhos. Começou o choque de gerações. 
Lembro bem da minha adolescência, lembro do que achava dos meus pais e o que achava dos meus avós. Por mais que entenda quem eu sou nessa nova ordem (sou a velha) acho muito difícil me colocar nesse papel.
Meus avós ficaram velhos muito cedo. Com 50 anos eles se vestiam e eram fisicamente iguais ao que eles eram aos 80. Nas minhas memórias, eles tinham uma vida toda voltada pra família, não saíam, não tinham muita vida social. Duvido que meu pai jamais tenha levantado a voz para eles. A ordem vinha de cima e acabou.
Meus pais não, eram mais descolados. Eles tomavam whisky, discutiam muita psicologia e filmes franceses, coisas de gente grande. Mas eram muito liberais, a distância entre nós era menor do que eu via na casa dos meus amigos, mas existia. Tinha muita liberdade, mas tinha muita responsabilidade. Não era não. Até tinha espaço para alguma argumentação, mas a palavra final era deles. E assim eu nunca entrei num fliperama e não pude ir no primeiro Rock in Rio, apesar de todas as lágrimas e de toda a minha gritaria.  
Nunca pensei muito na idade deles quando eu era adolescente (nos meus 18, meu pai tinha 50 e minha mãe 42, mais nova do que eu hoje) mas quando eu fui crescendo, eu tinha a impressão que eles tinham congelado nos seus 50 e 60. Até hoje, acho que a geração deles se vê assim. 
Eu acho que a nossa geração tá congelada nos 30. Nossas roupas, nossos programas, nossa cabeça, tudo remete a essa idade. Aí fica complicado essa questão de choque de gerações. Nossa distância para os nossos filhos ficou menor. A gente faz coisas muito próximas desse universo adolescente. Eles vem falando conosco de igual pra igual, temos que lembrá-los quem é que manda na casa (sim, somos nós, eu juro). 
Meus pais não iam na balada, então era fácil para eles dizer "você não vai". A gente gosta de sair, gosta de dançar até o sol raiar. No meu caso, quando o Ben e a Liana começarem a ir, serão eles que vão dizer, "mãe você não vai"!  


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