terça-feira, 24 de setembro de 2013

Som na caixa!

Para mim, a melhor invenção do mundo foi o Ipod.
Não vivo sem música, meu sonho sempre foi ter trilha sonora o tempo todo, como nos filmes, a vida passando e um som apropriado para aquele momento tocando em auto falantes mágicos.
Quando era (bem) mais jovem ficava horas no meu quarto ouvindo música, pensando na vida. Adorava copiar as letras das que eu mais gostava em cadernos que tenho até hoje. Comprava aquelas revistinhas de música cifrada e copiava, copiava até cansar a mão.
O primeiro dinheirinho que sobrava a gente corria pra Savarin, pras Lojas Americanas, pro Rei do Disco atrás das novidades. Aquele "folhear" de LP nos balcões dessas lojas era uma delícia, as capas passando uma a uma. Depois veio a fase de gravar fitas (cassete, pra quem não sabe). Escolher as músicas, sincronizar o apertar das teclas play e rec com o descer da agulha no aparelho de som não era para iniciantes. Tinha que ter técnica, ir abaixando o som, fazendo o fade out. Mágico!
Fazia tudo com música, para desespero da minha mãe. Lia, estudava, tomava banho, sempre com o som rolando. Só morria de preguiça de levantar pra mudar o lado do disco ou da fita. Tinha trilha sonora pra tudo, até pra se acabar de chorar quando levava um fora, só ouvindo música dor de cotovelo.
Um dos presentes que mais amei e usei na vida foi o meu Walkman. Veio direto do Japão, um Sony que tinha o tamanho da fita, lindo, todo prata fosco. Como naquela época a gente tinha a liberdade de fazer tudo a pé, foi o meu grande companheiro durante anos. Não me separava dele, mas só dava pra ouvir uma fita por vez....caprichava na escolha, uma de 90 minutos, bem variada, no máximo levava mais uma na mochila.
A gente tinha que ter espaço em casa pros discos e pras fitas. Quando tive o meu primeiro apartamento na vida, era uma preocupação de verdade. Medimos a nossa pilha de discos, projetamos um móvel pra acomodar tudo aquilo, deixamos um espaço reservado pros discos que viriam. Toda casa dos anos 90 tinha que ter um armário especialmente projetado pra cds.
Dai veio o tal do Steve Jobs e colocou na minha mão, todas as músicas que eu quisesse.
Meu primeiro Ipod, o classic de 8 GB ainda tá vivo. Bem doentinho, problemas de bateria, chiados, apagões, não sei como vou me separar dele um dia. Já tenho alguns descendentes dele pela casa, mas ele é especial. Tem toda a minha vida musical dentro dele, todos os meus gostos. Quando ele chegou, eu coloquei cada uma das 8 mil músicas que ele tem. Alimentei ele com vários cds, alguns emules e bit torrents, confesso, mas a maioria das músicas foi colocada ali manualmente, foi escolhida, pensada. tem um porque.
Ter toda a sua biblioteca musical da vida, na mão, é uma coisa que só quem nasceu no século passado pode apreciar com o devido respeito. Você leva pro carro, leva pra viagem, pro trabalho, pro banheiro (sim eu continuo tomando banho com música) é demais! E tá tudo alí, naquele trocinho!
Pena que o Steve morreu sem que eu pudesse agradecer pessoalmente pela alegria que ele me proporcionou. Mais pena ainda porque ele seria o único capaz de resolver a questão dos auto falantes mágicos da minha trilha sonora!

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